Capão Redondo - SSgang

Jovem Obama, Lotus Badqueen, Yque e Chris i15 lançam “Cypher Infame”

Se “Cê quer da um rolê no Capão daquele jeito” escute a “CYPHER INFAME”. O…

Se “Cê quer da um rolê no Capão daquele jeito” escute a “CYPHER INFAME”. O single lançado nesta quarta-feira (28), mostra que os MC’s Jovem Obama, Lotus Badqueen, Yque e Chris i15, artistas do selo SSGANG, tem a caneta afiada, promovendo discussões sobre temas que constantemente afligem as quebradas: desigualdade social e racismo.

Produzida pelo MC Jovem Obama, a “CYPHER INFAME” também ganhou um videoclipe em formato 3:4, fazendo alusão às TVs de tubo, mas em high definition. O conceito não poderia ser mais anos 1990. Com cores vibrantes e uma estética de rua, o audiovisual usa como background o editorial SSGANG, da marca suburbana Lojinha do Broken, transportando o espectador diretamente para um clipe da era de ouro da MTV, e mostrando a versatilidade dos artistas do Capão Redondo.

Assim como o videoclipe, a produção musical está repleta de referências, que combinadas com a lírica dos artistas levam o som a um outro nível. No início da faixa, Lotus já mostra a que veio e entrega sua capacidade vocal. Rimando em cima de um beat que mistura o gangsta rap com o R&B da década de 90.

“Quando escrevi minha parte da letra, estava em um conflito interno gigante e posso dizer sem dúvidas que foi um desabafo, um suspiro em meio a depressão que tentava me derrubar. Busquei trazer nela toda a realidade que vivi sendo mulher, mãe preta, militante e periférica/favelada, tudo o que vi, ouvi, senti e sonhei dentro daqueles becos estreitos, das crianças lindas e meninos inteligentes que vivem lá. Podemos dizer que de tantas e tantas composições essa é a minha predileta, pois ali só tem verdades nuas e cruas tudo que aprendi, ali tá a Lótus de coração aberto falando tudo que passou e sentiu”, compartilha a MC Lotus Badqueen.

O beat vira e Jovem Obama mostra suas raízes no underground, em um boom bap sombrio que harmoniza perfeitamente com suas rimas versáteis e rápidas, que falam da realidade do homem preto na favela.

“No meu verso falo sobre a constante luta contra o genocídio negro que ocorre no Brasil, que começa com a destruição das nossas comunidades, cultura, escolaridade até a falta de oportunidades e o racismo estrutural que mantem uma classe e raça sempre em constante desigualdade. É a narrativa da luta de um homem preto no meio da zona sul, lidando com as opções que tem em sua comunidade, as encruzilhadas e a difícil realidade de paz em meio a uma guerra”, conta Jovem Obama.

Já o MC Chris i15 chega com um beat mais swingado. Inspirado no Miami Bass, um subgênero do rap, característico por sua batida continuada e bateria eletrônica Roland TR-808.

“Nas minhas linhas abordei de maneira swingada, os desafios, reflexões e o desabafo de um homem preto, como no verso “Bem vindo a era do caos, pelas calçadas há sedução do perigo, medalhas por matar o povo preto”. Uma das minhas referências foi Tupac, em especial a música “All eyez on me” e o mestre Cartola, mesclando as duas inspirações atingi o que buscava passar na música”, complementa Chris i15.

Dando o fechamento perfeito para a track, Yque exibe suas habilidades rimando em um beat com uma pegada gangsta trap anos 2010. “Eu quis fazer um verso divertido e ao mesmo tempo muito sério. Quis criar um equilíbrio, fazer as pessoas rirem e pensarem sobre o que está sendo dito ao mesmo tempo. Trago diversas referências do rap, como o álbum do Rzo “Todos são Manos”, figuras históricas como Napoleão. E reflexões sobre desigualdade social, como no início do verso “na porta do shopping “ceis” entra em choque”. Acredito que consegui unifica bem essas ideia”, salienta Yque.

Assista ao videoclipe “Cypher Infame”: