Movimento Sem Terra pinta mural de 489 metros no centro de BH, a convite do CURA - Circuito Urbano de Arte - Foto Divulgação

Movimento Sem Terra pinta mural de 489 metros no centro de BH, a convite do CURA

O CURA – Circuito Urbano de Arte, que acontece em Belo Horizonte, consolida-se como um dos…

CURA – Circuito Urbano de Arte, que acontece em Belo Horizonte, consolida-se como um dos maiores festivais de arte pública do Brasil. Até o momento são 22 obras em fachadas, empenas de edifícios e também no chão, que mudaram a paisagem urbana da cidade. Para somar a este cenário de pioneirismo, o Cura traz em sua 7ª edição, cujo tema é TERRA e terá as obras prontas no dia 25 de setembro, o primeiro mural em grande escala, com 489 metros, pintado pelo coletivo artístico do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A inauguração deste e outros dois murais será no hipercentro da cidade, na Praça Raul Soares, com show de Mateus Aleluia.

O MST, por meio da Escola de Arte João das Neves, será responsável por uma fachada no Edifício Rochedo, localizado nas proximidades do Mercado Central. A escola atua há seis anos, mas esta será a primeira empena do movimento, um marco em sua trajetória, que vai registrar sua luta em um espaço público e gigantesco, a exemplo do zapatismo, no México. A obra é resultado de um processo que buscou enfatizar a importância das relações entre o campo e a cidade, sempre mediadas pela luta pela terra, pela questão alimentar, pela fome e pela diversidade dos sujeitos da luta.

“A Liberdade da Terra não é assunto de lavradores. A Liberdade da Terra é assunto de todos quantos se alimentam dos frutos da Terra”. Guê Oliveira, da direção estadual do Coletivo de Cultura do MST, cita os versos de Pedro Tierra. E complementa: “A questão da terra é histórica e estruturante no Brasil, pois a partir da concentração de terras que foi-se gerando a desigualdade. Com a pintura de um mural, trazemos este debate para a coração da sociedade. Para nós, significa muito um projeto como o Cura assumir também essa luta e é muito simbólico pintar uma fachada no centro de Belo Horizonte, em frente ao Mercado Central, pois nos remete à discussão da fome. O alimento é direito humano e é inadmissível 33 milhões de brasileiros passando fome. O MST não invade terras, ele ocupa terras que não cumprem sua função social. Ou seja, retoma esta terra e cuida produzindo alimento saudável e livre de agrotóxicos para o Brasil. Como diz uma canção de Zé Pinto, ‘a ordem é ninguém passar fome. O progresso é o povo feliz’”.

Sobre a participação do coletivo de artistas da Escola de Arte João das Neves, do MST

A Escola de Arte João das Neves, do MST, teve início em 2016. Em julho de 2022, aconteceu a terceira edição presencial da atividade, ocupando o Centro de Formação Francisca Veras, no assentamento Oziel Alves Pereira, em Governador Valadares (MG). E o Cura foi convidado para uma oficina de arte pública e muralismo contemporâneo.

“Foi uma honra imensa estar no MST, temos muita admiração pelo movimento. O festival nos levou a esse lugar de contribuir numa luta que é política, do Brasil e real. Ficamos muito emocionadas. Ainda mais porque o convite veio ao encontro do tema que já havíamos escolhido: terra. Ano passado falamos das águas amazônicas e agora a gente desce do barco e pisa na terra. Em todos os âmbitos, desde o pigmento, barro, matéria prima da arte, até o plantio, a agricultura, questão central do Brasil”, comenta Priscila Amoni, também realizadora do Cura.

Há 38 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra propõe um outro projeto para o campo por meio da luta pela terra, pela reforma agrária popular e pela transformação social. Com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todos tenham direito e acesso à educação, saúde, moradia, comida e trabalho, o MST desenvolve experiências germinais de processos transformadores. Suas atividades são pautadas pela agroecologia, pelo plantio solidário, pela segurança alimentar, pela proteção e reprodução de sementes crioulas, pela formação e educação política dos trabalhadores do campo, pela preservação e fortalecimento das culturas, e pelo entendimento da arte e da criatividade enquanto potência para intervir e mudar o mundo.

 

CURA, 7ª edição – Tema: TERRA

Em sua edição anterior, em 2021, o Cura navegou as águas transculturais do Rio-Avenida Amazonas e fez da Praça Raul Soares seu novo território. Agora, o festival pisa em terra firme e desenha novos caminhos. No Brasil, as questões relacionadas à terra sempre estiveram no centro do debate e das reivindicações do povo: reforma agrária, agroecologia e demarcação de um lado; mineração, garimpo e monocultura do outro.

Como um projeto cultural de arte pública, o Cura sempre teve o objetivo de reafirmar a vocação fundamental da rua como espaço de convívio, de debate, de expressão criativa e de exercício da cidadania. “Em nossa sétima edição, seguimos o caminho da terra, do solo e das ruas para conectar linguagens e territórios através de uma arte relacional e inclusiva, da reflexão crítica e da mobilização social pautada em diálogos e entendimentos plurais sobre o espaço público. Acreditamos que, assim, será possível traçar novos mapas, em que pertencimento, acolhimento e diversidade caminhem em direção ao mesmo destino” conta Priscila Amoni.

Além do mural do MST, o festival terá, ainda, mais dois murais: um de Pedro Neves, no edifício Copacabana; e outro de Sueli Maxakali, no edifício Roma. Além da instalação Levante, de Selma Calheira, com 26 esculturas de tamanho diversos na Praça Raul Soares; e uma impressão de lambe NFT, de Willand, no Hotel Sorrento – selecionado em edital.

A partir do dia 15 de setembro, enquanto as obras começam a ganhar forma aos olhos do público, a céu aberto, o Cura promove intensa programação cultural na Praça Raul Soares, no centro da capital mineira, com música, gastronomia e outras intervenções. Na inauguração das obras, dia 25 de setembro, o evento terá um show de Mateus Aleluia.

 

Produção: Agua – Agência Urbana de Arte

Patrocínio Master: Beck’s Beer e Cemig

Patrocínio: New Holland, Hermes Pardini e Pottencial Seguradora

Incentivo: Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Belo Horizonte, Lei Estadual de Incentivo a Cultura de Minas Gerais, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo

 

SERVIÇO:

CURA – Circuito Urbano de Arte

7ª edição

Data: de 15 a 25 de setembro de 2022

Mais informações:

https://cura.art

https://www.instagram.com/cura.art/

 

CURA 2022 – OBRAS

PEDRO NEVES

Edifício Copacabana

Praça Raul Soares, 89 – Centro, Belo Horizonte

Área Total: 433,75 m²

Dimensões: 41,1 metros de altura

 

SUELI MAXAKALI

Edifício Roma

Avenida Paraná, 466 – Centro, Belo Horizonte

Área Total: 601,5 metros quadrados

Dimensões: 60,4 metros de altura

SELMA CALHEIRA

Instalação Levante – 26 esculturas de tamanho diversos

Praça Raul Soares

 

WILLAND

Hotel Sorrento

Praça Raul Soares, 354 – Centro, Belo Horizonte

Área Total: 28,5 metros quadrados

Dimensões: 3,8 metros de altura

 

MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

Edifício Rochedo

Rua dos Goitacazes, 470 – Centro, Belo Horizonte

Área Total: 489 metros quadrados

Dimensões: 36,1 metros de altura