B-Boy Eagle

Menino de 13 anos ganha 1º lugar em Festival de Dança Online

E também é escolhido como Dançarino Revelação em meio a Pandemia

Os reflexos da mudança de hábitos repentina, do isolamento e da incerteza frente à contaminação pelo coronavírus são perceptíveis não somente na população adulta, mas também nas crianças e nos adolescentes.

Os impactos da Covid-19 foram avaliados por cientistas brasileiros e americanos. O resultado foi apresentado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) e aponta inúmeras alterações comportamentais, como a desatenção e a preocupação com a nova realidade. Além de outros comportamentos como problemas de sono, falta de apetite, pesadelos, desconforto e agitação. “Além da natural angústia provocada por uma doença misteriosa e avassaladora, as medidas de distanciamento social adotadas para diminuir o número de mortes trouxeram uma série de desafios para a maioria das crianças do mundo. Mas é por meio da dança, do Breaking, que Yeshua Rebello (13), paulista, mais conhecido no meio da Cultura Hip-Hop como B-Boy Eagle, extravasa toda a sua energia, seus sentimentos e tensões.

Nesse período de pandemia, ele viu a morte de perto com a partida de alguns conhecidos, mas mesmo em tempos difíceis prosseguiu com muita disciplina em seus treinos de dança. E o resultado veio. Na última semana, foi 1º lugar na modalidade Danças Urbanas e Dançarino revelação no Festival On-Line “Santo Ângelo em Dança”, que acontece todo ano na cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, durante 3 dias. O evento recebe dançarinos de todas as partes do país e até do mundo com diversos solos dos mais variados estilos de dança. Apresentando o solo “Renascimento”, Eagle foi contemplado não só com o primeiro lugar nas Danças Urbanas na categoria júnior, mas também foi escolhido através dos jurados, competindo com todos os outros dançarinos de outros estilos, como o Bailarino Revelação do Festival. O que para ele foi um grande presente e reconhecimento de sua dança.

São dele as palavras: “Quando há 5 meses comecei a trabalhar o solo Renascimento, junto com a minha minha mãe, pensei em algo que representasse todas as pessoas que conseguiram permanecer vivas durante a Covid. Imaginei o dia de renascer para um novo normal depois que tudo acabasse e pensei também naqueles que se foram mas, que como nós, eu acredito que também vão renascer, só que para uma vida que nunca acaba, lá no céu. Sobre o prêmio, foi um presente disputar a premiação com bailarinos de Ballet Clássico, Contemporâneo, Jazz, Dança do Ventre, entre outros e ser escolhido entre esses foi um motivo para comemorar, pois sei o quanto é raro um bailarino de Danças Urbanas ganhar de outros de Ballet Clássico ou Contemporâneo. Então, esse dia e esses prêmios guardarei com muito carinho”.

Sobre sua história: Eagle começou a dançar cedo, com 4 anos. Seu primeiro contato com a dança foi por meio do Sapateado, sua referência inicial na dança foi Michael Jackson e Fred Astaire, depois conheceu o Breaking e desde então jamais se separou dele. Hoje faz parte do time de dançarinos da Street House – Casa de Cultura Urbana e também da Dream Kids Brasil, junto com sua irmã, a B-Girl Angel do Brasil (10) uma crew formada por crianças brasileiras que competem no exterior tendo como coach Eder Devesa, também conhecido como B-Boy Dunda. Eagle esteve presente em diversos eventos nacionais e internacionais, destaque para: 1º Lugar no Beach Celebration (SP), Rival vs Rival (SP), Master Crews (SP), Breaking Combate (SP). Em Portugal, em Braga, conquistou o 2º lugar no Mundial B.de Dança, no Breaking Kids 1vs1 e competiu na Porto World Battle ficando no Kids entre os 16 melhores do mundo. Participou ainda no Quando as Ruas Chamam (DF), 3º lugar no Peruíbe Dance Festival (SP), Tattoo Experience (SP), Cidade vs Cidade (Santos/SP), São Vicente Festival (SP), 2º lugar no Break SP Battle, Battle Force na Streetopia da Nike (SP), Cypher Battle in Shangai (SP), Battle In the Cypher (SP), Red Bull BC One Camp Brazil (SP), R16 (SP),1º lugar no Kids Batalha Final, 1º lugar no individual e dupla do Arte Educação Breaking, 1º lugar Quebrada Viva Battle, 2º lugar na Batalha da Casa em Perus na Casa do Hip-Hop, 2° lugar no Festival de Dance All Dance Brasil, 1° lugar no Arena Breaking.

O menino, que tem a história dos pais terem vendido o carro de trabalho da família para comprar a passagem para conseguir dançar na Europa representando o Brasil, foi notícia na grande imprensa em 2018, no Bom Dia SP (Rede Globo), no portal G1, no Jornal A Tribuna (Globo), Portal Rap Nacional, Portal Bocada Forte, Portal Rede Brasileira de Notícias, Portal OH2C, Portal Vida Loka, Portal Encene-se, Diário de Ceilândia, Portal de Cultura Urbana, Noticiário Periférico, Zona Suburbana, Revista Época, Portal R7 (TV Record) e TV de Braga (Portugal). Esse ano, Eagle ainda pretende competir em algumas battles on-line de Breaking e festivais de dança. A Crew também já programa como será o retorno para os eventos presenciais nacionais mas, principalmente, internacionais. Mas o menino garante que essa volta só vai acontecer depois da vacina.

São dos pais do Eagle as palavras: “Em meio a esse caos mundial, algumas coisas parecem estar dando certo, como determinados eventos on-line. Para os dançarinos, tem o lado positivo que não é necessário gastar com passagem e estadia para participar de um grande evento fora do país, por meio da inscrição on-line o evento está à sua disposição apenas com um click. Para o organizador o custo é bem menor também. Então, acredito que mesmo passando a pandemia, os eventos on-line vão ficar, chegaram para facilitar a vida de todos. Por um outro lado, vejo o quanto é sem graça o evento sem o calor humano, sem as provocações e sem a interação do público. Dançar para uma câmera de celular ou para um máquina fotográfica não é a mesma coisa de dançar com sangue nos olhos, olho no olho. Mas estamos cuidando do presente para que possamos ter um futuro. O Eagle e a Angel têm o tempo como parceiros de vida, são novos, focados e dedicados. Muitas coisas boas ainda virão. Desde cedo são ensinados a pensar sobre os próprios movimentos e criar as próprias coreografias e sessions. Esse período de pandemia tem sido, acima de tudo, um tempo de muita criatividade, aprendizado e evolução na dança. Eagle treina todos os dias e se prepara para dar grandes voos nos próximos anos. Além de dançar, ele também participa de Batalhas de Rima.

Talentoso, criativo e diferenciado principalmente em sua dança, o menino é uma das grandes revelações brasileiras da nova geração do Breaking.