Foto por Victor Moura

Tribo da Periferia lança “O Cravo e a Flor”: Música contra o Feminicídio

Em ‘O Cravo e a Flor’ Duckjay aborda a violência contra as mulheres ‘Como diz…

Em ‘O Cravo e a Flor’ Duckjay aborda a violência contra as mulheres

Como diz que ama, mas mata quem ama por amor?’ é a pergunta incômoda que se destaca no novo single da Tribo da Periferia, lançado nesta sexta-feira, 24 de maio, em todas as plataformas de streaming. Não menos impactante é o videoclipe de “O Cravo e a Flor”, já disponível no YouTube. A faixa será tema do combate contra o feminicídio em uma campanha promovida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

“Eu vivo e canto o rap desde 1998, e a gente sempre enunciou, protestou, juntou forças para lutar contra o sistema e para enfrentar os males e as injustiças da periferia. Por mais que pareça que esquecemos isso, o rap ainda tem essa missão. E não existe ninguém melhor para conversar com a comunidade, do que o rap. Acredito que nenhum outro estilo de música poderia ter tamanha liberdade para falar sobre um assunto como esse. Vamos nos juntar, denunciar e divulgar essa força contra o feminicídio e a violência doméstica para criarmos um mundo melhor para nossas mulheres, filhos e família. Não só nas periferias, mas em todo país, pois este é um crime sem raça, credo e classe social, que atinge todas as esferas da nossa sociedade”, fala Duckjay.

Assista “O Cravo e a Flor”:

A música é baseada em histórias reais. As estatísticas estão aí. Os casos de feminicídio só crescem no Brasil e quando a Tribo da Periferia foi convidada para participar desta campanha, infelizmente Duckjay teve um vasto material para trabalhar. Desde as muitas notícias divulgadas por todo o território nacional, até casos que acompanhou de perto. Na letra da canção ele faz também uma alusão à cantiga popular “O Cravo e a Rosa”, uma música infantil que foi romantizada como se fosse uma disputa de forças.

A direção criativa do videoclipe segue também uma linha real e bem explicativa de como a violência doméstica atinge uma família e impacta toda uma comunidade que não pode mais blindar os olhos utilizando o discurso ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’, passando assim a mensagem de uma mudança de percepção.

“Essa é uma música necessária, um clipe necessário. Nosso objetivo é que este trabalho atinja o maior número de pessoas. A realidade choca, te coloca em uma situação de provação. Não é simplesmente um crime, é algo devastador não só na vida de quem sofre essa atrocidade, mas na vida de toda família que fica destruída com essa perda. As mulheres são o símbolo da vida e o feminicídio é, literalmente, o contrário disso”, conclui Duckjay.

Há 26 anos na estrada, a Tribo da Periferia, um dos grandes nomes do cenário do rap e hip hop nacional. Os números impressionam. São mais de 8.9 milhões de inscritos no canal oficial do YouTube e mais de 3.4 bilhões de visualizações na plataforma, algo inédito para artistas do rap e hip-hop no Brasil. No spotify são mais de 3.2 milhões de ouvintes mensais, 2.2 milhões de seguidores no Instagram e 5 milhões no Facebook. A história da Tribo da Periferia nasceu nas raízes do Distrito Federal, em 1998, quando Luiz Fernando Correia da Silva, mais conhecido como Duckjay, decidiu dar o primeiro passo para esse sonho, compondo sua primeira letra musical. Desde então, a Tribo foi tomando novas formas e ganhando novos protagonistas, como Look (Nelcivando Lustosa Rodrigues), que desde 2016 segue ao lado de Duckjay conectando cada vez mais pessoas. Agenciados pela Kamika-Z Produtora e com apresentações por todo território nacional, a Tribo da Periferia arrasta multidões por onde passa.

Letra O CRAVO E A FLOR:

Mais uma vez o cravo e a flor

Romantizaram toda essa ilusão

Normalizaram o ódio e a dor

É que misturaram a covardia com a decepção

E não tem endereço seja aonde for

Não importa sua classe

Seu credo

Sua cor

Desculpa aí, mas alguém me explique

Por favor!

Como diz que ama, mas mata quem ama por amor?

É como se não houvesse

Como se ninguém soubesse

Como se fosse algo normal

Como se não existisse

Enquanto os sonhos perecem

Todos se calam perante esse mal

Vários sonhos, 26 anos de idade

Duas filhas pra criar e uma vida pela frente

Me lamentando, narrando essa homenagem

Sentindo que o fim de tudo podia ser diferente

Infelizmente os heróis se tornam vilões

São ações que superam todas as decepções

Matar quem ama é como assassinar a própria mãe

Eu classifico assim como a pior das traições

Como é que pode achar normal?

De um lado a pura sensibilidade emocional

Do outro lado tem o homem bom e o homem mal

Geralmente o do mal vem sempre disfarçado de legal

A maldade as vezes “cê” percebe tarde

E tudo começa com beijo

Amor confunde ao ódio

Se torna saudade

É que a maldade as vezes “cê” percebe tarde

E tudo começa com beijo

Amor confunde ao ódio

Só resta saudade

E nos versos tristes dessa poesia

Eu trago a voz de todas as Marias

De todas as mulheres

Que tiveram seu destino roubado

Pelo feminicídio

 

Foto capa por Victor Moura!