Sant lança “Nuvem Negra” com participação da cantora Tiê e inspiração em canção de Djavan
Primeiro lançamento do rapper pela Som Livre chega com videoclipe cinematográfico dirigido por João Wainer…
Primeiro lançamento do rapper pela Som Livre chega com videoclipe cinematográfico dirigido por João Wainer e abre caminho para novo álbum
Conhecido na cena da música urbana brasileira pela maturidade e críticas sociais em suas letras, o rapper Sant – que recentemente assinou com a Som Livre, sua primeira gravadora -, apresenta ao público no dia 03 de fevereiro o single “Nuvem Negra”, abrindo seus trabalhos no ano de 2023. A faixa é a primeira do próximo álbum do artista e traz uma participação especial da cantora Tiê, que empresta os vocais na citação “Nem bom-dia eu vou dar / Tá difícil ser eu” da música original de mesmo nome, “Nuvem Negra” (1993), de composição de Djavan e com Gal Costa como intérprete. A canção foi uma das inspirações de Sant para este single – ouça aqui.
Natural de Pilares – bairro da zona norte do Rio Janeiro – Sant também lança um videoclipe inédito para “Nuvem Negra”, que exibirá de forma cinematográfica as histórias periféricas relatadas na composição. A produção audiovisual tem direção assinada pelo cineasta e premiado fotojornalista João Wainer. A cantora paulista Tiê também está presente no videoclipe ao lado do rapper e demais atores – assista aqui.
Sobre a parceria com a cantora Tiê, Sant conta: “É minha primeira parceria com a Tiê, a primeira de muitas, assim espero! Ela aparece como uma personagem na introdução do vídeo, fazendo parte também nesse axé. Foi muito legal e experiência, ela foi sensível pra caramba, ouviu a música de coração aberto. Tá aí ‘Nuvem Negra’ e terão muitas outras coisas”.
“Nuvem Negra” traz em sua letra a dura realidade da periferia e relata a vivência de uma parcela dos jovens cariocas, que em algumas ocasiões recorrem à marginalidade como um caminho possível para sobreviver em meio a um cenário desigual. Em trechos como “Desce dois mano na porta do morro / Sentido Linha Amarela / Dali pra Barra são 20 minutos / Carga pesada antes da novela / Uma nuvem negra em cada pente / Uma nuvem negra em cada pente / Tenho 30 chances pra mudar o mundo / Ou só pra não morrer como indigente”, o rapper, que é carioca, expõe de forma incisiva a realidade das favelas do Rio de Janeiro.
Sant comenta ainda sobre o significado da música e suas referências à realidade do Rio de Janeiro: “Eu acho que é importante já deixar registrado que é uma obra de ficção e que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência (risos). Eu tirei tudo isso daqui de dentro mesmo e obviamente eu peguei coisas de fora também. Na batida do Apoema, a concepção foi resgatar essa ideia de um dia ruim, que é difícil ser nós, e aí eu pensei nessa história, nesses personagens, nesse enredo e nesse dia a dia. Corre, corre mesmo de um amigo que tem o contato de uma boa, mas às vezes não tem como ir sozinho, precisaria de outra pessoa pra se sentir mais forte e pensar que é possível, e tem o outro amigo que tá ali nessa disposição mesmo, pra qualquer coisa do caos. Sempre tem um menor igual, que quebra esse ciclo e essa expectativa, que mostra uma outra parada, mas que acaba envolvido de alguma forma porque se você tá ali, em cima do muro que não vai dar pra ficar. A música fala sobre isso, essas histórias que às vezes a gente sabe uma coisa ou outra, talvez mude algo aqui ou ali, mas sempre rola, a gente sempre perde. Mas seguimos nessa esperança de que algum dia vai ter alguma coisa que vai ser diferente, eu tenho muito isso em mim”, conclui.
No último ano, Sant lançou o álbum “Ainda É o Rap dos Novos Bandidos”, em parceria com o produtor LP Beatzz, uma continuação do seu primeiro álbum “Rap dos Novos Bandidos” (2021), nos quais Sant trouxe em suas rimas assuntos como vivências pessoais e a realidade da periferia acompanhado de parcerias de peso do rap e do funk. Ao longo da carreira, o rapper, que possui MC Marechal como seu mentor e padrinho, coleciona músicas emblemáticas e participações em grandes projetos da cena de música urbana, como em “Poesia Acústica #3: Capricorniana”, que acumula mais de 500 milhões de plays nas plataformas de áudio e YouTube, e a faixa “Dizeres”, parceria com a cantora Lourena, que já ultrapassou a marca de 250 milhões de reproduções.
Letra
Nem bom dia eu vou dar
Tá difícil ser eu
Flex
Nem bom dia eu vou dar
Nem bom dia
Papo reto
Tá difícil ser eu
Ó
Sem neurose
Sant
Acorda pra vida, nós tamo atrasado
Dizem que o sono é o primo da morte
E, por ela, fui acostumado
A ter disposição pra tombar carro forte
Então, fala com o homem, mas toma cuidado
Vai que com isso tu estraga tua sorte
Se acaso for, saiba, eu tô preparado
O que importa pra mim
É o que eu tenho no porte
Desce 2 mano de moto na porta do morro
Sentido Linha Amarela
Dali pra Barra são 20 minutos
Carga pesada antes da novela
Intenção da rua se tem pela blusa
Visão de jogo de cintura
Seu filha da p*, não fica confuso
Entrega a chave e liga pro seguro
Manda fazer fila
Que em questão de segundos nós quebra a firma
E volta sorrindo com a fita dada
Mas qual foi?
Tranquilidade, não vacila…
Um barulho na escada
Um herói com celular escondido
Essa merda não é um filme de ação
Esse fim de comédia vai ter se arrependido
Mas agora meu dia não é mais o mermo
Pega o 4 roda e entoca essas carga
Bota pra f* na avenida
E eu te encontro
Depois de enguiçar essa barca
Quando o tempo fecha, a glock tem roupa
Uma nuvem negra em cada pente
Eu tenho 30 chances pra mudar o mundo
Ou só pra não morrer como indigente
Uma nuvem negra em cada pente
Uma nuvem negra em cada pente
Tenho 30 chances pra mudar o mundo
Ou só pra não morrer como indigente
E pra mãe dele, quem que vai falar?
Cala boca, menor, pega as carga e enterra
Se eu não voltar, tu não se desespera
Morrer como homem é o prêmio da guerra
Vê se não explana e divide as mochilas
Espalha por vários cantos da favela
Sigilo mermo que vire notícia
Até curando traumas criamos sequelas
Corta pra cena do crime
Os reféns na calçada
E o terror atrás giratória
Aço vai, aço volta
Bota a cara e pede escolta
Se levar um, é vitória
Com qual balança equilibra o pesar?
E são quantas penas pra fazer valer?
Se qualquer coisa que der pra ganhar
Vai ser muito mais do que eu tenho a perder
Uma nuvem negra
Uma nuvem negra em cada mente
E o sol vai brilhar novamente
Transforma em trilho o que tiver na frente
Só pra não sentir as dores de sempre
Uma nuvem negra diferente
Com uma luz negra incandescente
Pra lavar a alma da gente
Cada vez mais consciente
Uma nuvem negra
Uma nuvem negra em cada pente
Eu tenho 30 chances pra mudar o mundo
Ou só pra não morrer como indigente
Uma nuvem negra em cada pente
Uma nuvem negra em cada pente
30 chances pra mudar o mundo
Nem bom dia eu vou dar
Tá difícil ser eu
Saiba mais sobre Sant:
Natural de Pilares, zona norte do Rio de Janeiro, o rapper Sant começa a aparecer na cena do hip-hop brasileiro em meados de 2011, quando tinha apenas 17 anos. Pouco após seu início no rap foi apadrinhado por MC Marechal, criador da Batalha do Conhecimento e um dos nomes mais respeitados da cena carioca, e virou integrante do selo #VVAR (Vamos Voltar à Realidade). Em 2014, Sant lança suas primeiras faixas “É o Rap”, “Entre Nós” e em 2015 lança o projeto “O Que Separa os Homens dos Meninos, Vol1.”, este é um EP icónico tanta para a carreira do artista quanto para o rap carioca. Além do seu talento liricista, que já o destacava dos demais, um dos motivos que agregou relevância ao projeto foi poder contar com a produção do MC Marechal e com a sua participação em uma das faixas. A partir daí, Sant lançou singles e participações que o fizeram sempre estar em voga na cena e solidificaram sua relevância e necessidade para a música urbana nacional. Esteve presente em diversos projetos icônicos tais como “Rap Box”, “Orgânico” do Estúdio Casa1, “The Chyper Respect” do grupo Atentado Napalm, “Favela Vive” do grupo ADL, “Perfil”, “Poetas no Topo” e “Poesia Acústica” da PineappleStorm TV. Em 2022 assinou com a Som Livre, sua primeira gravadora, e já no início de 2023 revela ao público seu primeiro lançamento, o single “Nuvem Negra”.