Review – Albúm “A Coragem da Luz” – Rashid

Eae cambada! Aqui é o Barba Negra estreando no Jornal do Rap! Yea! Agora aquele…

Eae cambada!

Aqui é o Barba Negra estreando no Jornal do Rap! Yea!

Agora aquele coro: “Grandes merds!”. Hehe

Meus manos e minas que se informam pelas páginas desse jornal periférico, falo, minha estreia não importa diante das linhas que vem logo abaixo. Então pegue seu café, cerveja, cigarro, haxixe, (ops corretor tá viciado), maxixe ou qualquer coisa. Sem mais, vamos de clichê: “Põe o capacete que lá vem pedrada, detran, acidente…”. É pesado.

A Coragem da Luz” é o primeiro álbum do Michel Dias Costa. Não conhece? Então chamaremos de Rashid!

Lançado há duas semanas talvez esse seja um dos melhores lançamentos que teremos no ano de 2016. Não é pessimismo com o que vem por aí, pelo contrário, é simplesmente a rendição a esse álbum que ficou muito bom.

Rashid pegou toda sua inspiração, reuniu as palavras, chamou um time com Criolo, Xênia França, Godô, Srta. Paola, Izzy Gordon, Alexandre Carlo, Mano Brown, Max de Castro e Orquestra Metropolitana; sem falar no time de produtores picas das galáxias, entre eles Marechal, e fez um álbum que parece um laboratório da música brasileira. Há flertes entre diversos ritmos como samba, jazz, rock, música clássica e até zouk! Sem deixar de lado o peso da mensagem do rap, claro.

Já podemos nos impressionar com a primeira faixa, “Cê já teve um sonho?“, uma pequena introdução em um beat jazz com rimas ótimas de se ouvir. Tipo:

“Decidir vou subir dispenso a rampa;

Por que eu sou raro igual céu estrelado em sampa;

De olho vivo com essa gente;

Que quer me vender água em garrafinha quando eu;

Sou vizinho da nascente”.

Depois em “DNA” Rahisd mostra seus gênes brasileiros em ação. Na sequência o paulistano entra em ação em “Homem do Mundo” trazendo Criolo no refrão ensinando que:

“Quem pensa demais na chegada perde toda a beleza do caminho”.

Em um jazz a música “Como Estamos?” questiona a atualidade do país da “geração onde os pais enterram seus filhos”.

Como Estamos?” é um pequeno interlúdio para uma das melhores músicas do ano sem sombra de dúvidas: Laranja Mecânica!

Produzida por ninguém menos que Marechal, Laranja Mecânica é um daqueles rap que te conduz à sensatez. Um conflito entre a tecnologia e a humanidade, a música é um tapa daqueles violentos. Repleta de frases de impacto que conduz o raciocínio a si próprio. Veja isso:

“Cabeças baixas cada qual no seu aplicativo;

Geração Z, zero de conexão com o que é vivo…”

“Síndrome touch, a mente na nuvem traz sequelas;

De dedos que não tocam pele, apenas telas”

Tudo que você precisa”, traz um beat de vibe e a voz magnífica de Godô. Já na música “Segunda-feira” temos o momento mais autobiografico do CD em meio ao R&B com Srta. Paola .

Futuro/No meio do Caminho” é o foco da missão com rock roll na base. A música “A Cena” ganhou um ótimo clipe e tem a diva Izzy Gordon. Na sequência vem “Depois da Tempestade” com Alexandre Carlo, essa música é um zouk, enquanto escutava ela deu até vontade de puxar uma mina e dançar.

Até aqui apesar de ser ótimo o CD ele parece um mix de ritmos diferentes, mas é em “Ruaterapia” que toda essa mistura ganha forma e suingue. Com ninguém menos que Mano Brown, Rashid e Max de Castro fazem da rua a melhor terapia para nossos ouvidos. “Quem é”, é o Rap “mais paulista” do CD, mas com um diferencial: a Orquestra Metropolitana dá o ritmo.

O play continua e “abre-se os mares” para a música “Êxodo” onde conforme o nome diz, relata toda a trajetória do rapper. “Reis e Rainhas” é aquele tipo de música em que o cantor canta sorrindo e te faz curtir. E tudo isso é finalizado com o “Groove do Vilão”, um som de letra de desabafo com um alto-astral que é pra terminar bem.

Mas, calma cara pálida, nem tudo são flores!

O álbum é ótimo como já disse, mas deixa uma sensação de que faltou algo. O tema das letras parecem todos girar em torno das mesmas coisas a todo o momento, o que não é algo anormal no Rap, mas pelo talento do Rashid poderia ter ido mais longe. De crítica deixarei só isso, portanto, o álbum merece um grande sucesso.

Ficha Técnica

Faixas:

1. Cê Já Teve um Sonho? 

Prod. Julio Mossil

2. DNA

Prod. Damien Seth

3. Homem do Mundo

Part. Criolo | Prod. Vitor Cabral

4. Como Estamos? (Interlúdio)

Prod. Rashid

5. Laranja Mecânica

Part. Xênia França | Prod. Marechal

6. Tudo que Você Precisa

Part. Godô | Prod. Nave

7. Segunda-Feira

Part. Srta. Paola | Prod. Coyote e Julio Mossil

8. Futuro / No Meio do Caminho

Prod. DJ Caique

9. A Cena

Part. Izzy Gordon | Prod. Rashid

10. Depois da Tempestade

Part. Alexandre Carlo | Prod. Julio Mossil e Alexandre Carlo

11. Ruaterapia

Part. Mano Brown e Max de Castro | Prod. Max de Castro

12. Quem É

Part. Orquestra Metropolitana | Prod. Skeeter

13. Êxodo

Prod. Parteum

14. Reis e Rainhas

Prod. Vitor Cabral

15. Groove do Vilão

Prod. Skeeter

Direção Musical por Rashid e Julio Mossil

Direção Executiva por Daniela Rodrigues e Rashid

Direção de Arte por Felipe Barros

Fotografia por Eric Ruiz Garcia

Gravado no estúdio Flap C4 por Cesar Pierri e Luis Lopes, exceto “Ruaterapia” gravada no NaCena Studios por Max de Castro, “Êxodo” gravada por Vander Carneiro no Atêlier Studios e “DNA” gravada no Comando S por Rodrigo Tuchê.

Mixado por Maurício Cersosimo com assistência de Alejandra Luciani no estúdio MixNova, com exceção de “DNA” mixada por Damien Seth no estúdio Origami (RJ), “Laranja Mecânica” mixada por Luiz Café, instrumental da “Depois da Tempestade” mixado por Daniel Félix no Mosh Studio e “Êxodo” mixada por Vander Carneiro e Parteum no Atêlier Studios.

Todas as faixas foram masterizadas por Tony Dawsey no estúdio Phantom Mastering, em Nova York (EUA).

[Confira o álbum]