Carmen Lucia e Emicida - Foto Divulgação

Ministra Cármen Lúcia Cita ‘Ismália’ de Emicida e Pauta Debate Sobre Racismo Estrutural

Em um momento de destaque na Sessão Plenária desta quinta-feira (27/11), a ministra do Supremo…

Em um momento de destaque na Sessão Plenária desta quinta-feira (27/11), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, trouxe a cultura do rap para o debate jurídico ao citar um trecho da música “Ismália”, do rapper Emicida, em seu voto.

A ministra abordou a temática do racismo estrutural e histórico no Brasil, utilizando a letra da canção para reforçar a importância da discussão e dos caminhos que o país ainda precisa percorrer para alcançar a igualdade plena.

A Força da Poesia no Voto

A referência à obra de Emicida sublinha como a arte e a música popular se tornam ferramentas essenciais para a compreensão e a denúncia das profundas desigualdades sociais. A música “Ismália” é uma das composições mais contundentes do rapper, explorando a dualidade entre o desejo de ascensão e a dura realidade imposta pelo preconceito racial. O trecho citado pela ministra integra o discurso sobre a necessidade de humanidade plena para toda a população brasileira.

Confira a música ‘Ismália’:

Confira a letra completa de “Ismália”, música de Emicida citada pela ministra Cármen Lúcia:

Com a fé de quem olha do banco a cenaDo gol que nós mais precisava na traveA felicidade do branco é plenaA pé, trilha em brasa e barranco, que penaSe até pra sonhar tem entraveA felicidade do branco é plenaA felicidade do preto é quaseOlhei no espelho, Ícaro me encarou:"Cuidado, não voa tão perto do solEles num guenta te ver livre, imagina te ver rei"O abutre quer te ver de algema pra dizer:"Ó, num falei?!"No fim das conta é tudo Ismália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chãoIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chãoEla quis ser chamada de morenaQue isso camufla o abismo entre si e a humanidade plenaA raiva insufla, pensa nesse esquemaA ideia imunda, tudo inundaA dor profunda é que todo mundo é meu temaPaisinho de bosta, a mídia gostaDeixou a falha e quer migalha de quem corre com fratura expostaApunhalado pelas costaEsquartejado pelo imposto impostaE como analgésico nós posta queUm dia vai tá nos conformeQue um diploma é uma alforriaMinha cor não é uniformeHashtags #PretoNoTopo, bravo!80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvoQuem disparou usava farda (Mais uma vez)Quem te acusou nem lá num tava (Banda de espírito de porco)Porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada:Todo mundo vê, mas essa porra não diz nadaOlhei no espelho, Ícaro me encarou:"Cuidado, não voa tão perto do solEles num guenta te ver livre, imagina te ver rei"O abutre quer te ver drogado pra dizer:"Ó, num falei?!"No fim das conta é tudo Ismália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chãoTer pele escura é ser Ismália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chão(Terminou no chão)Primeiro cê sequestra eles, rouba eles, mente sobre elesNega o deus deles, ofende, separa elesSe algum sonho ousa correr, cê para eleE manda eles debater com a bala que vara eles, manoInfelizmente onde se sente o sol mais quenteO lacre ainda tá presente só no caixão dos adolescenteQuis ser estrela e virou medalha num boçalQue coincidentemente tem a cor que matou seu ancestralUm primeiro salárioDuas fardas policiaisTrês no banco traseiroDa cor dos quatro RacionaisCinco vida interrompidaMoleques de ouro e bronzeTiros e tiros e tirosO menino levou 111Quem disparou usava farda (Ismália)Quem te acusou nem lá num tava (Ismália)É a desunião dos preto junto à visão sagaz (Ismália)De quem tem tudo, menos cor, onde a cor importa demais"Quando Ismália enlouqueceuPôs-se na torre a sonharViu uma lua no céuViu outra lua no marNo sonho em que se perdeuBanhou-se toda em luarQueria subir ao céuQueria descer ao marE num desvario seuNa torre, pôs-se a cantarEstava perto do céuEstava longe do marE, como um anjoPendeu as asas para voarQueria a lua do céuQueria a lua do marAs asas que Deus lhe deuRuflaram de par em parSua alma subiu ao céuSeu corpo desceu ao mar"Olhei no espelho, Ícaro me encarou:"Cuidado, não voa tão perto do solEles num guenta te ver livre, imagina te ver rei"O abutre quer te ver no lixo pra dizer:"Ó, num falei?!"No fim das conta é tudo Ismália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chãoTer pele escura é ser Ismália, IsmáliaIsmália, IsmáliaIsmália, IsmáliaQuis tocar o céu, mas terminou no chão(Terminou no chão)Ismália(Quis tocar o céu, terminou no chão)