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Isolamento faz Gabz encarar seus monstros e criar novo single

“Insegurança” chega com clipe inspirado em Frida Khalo e Oxum. Faixa é um lançamento do selo 999

Gabz gosta de ser autobiográfica. Ela costuma despejar na caneta as alegrias, as dores e os sentimentos da vida real. Refletindo sobre tudo o que deixou de dizer para a pessoa amada, a cantora e compositora carioca, cria do Irajá, compôs “Insegurança”.

A faixa, produzida por ela e Marcel Souza chega nesta quinta-feira nas plataformas digitais através do selo 999 em parceria com a Altafonte.

Um clipe roteirizado pela própria Gabz e dirigido por Sthefany Barros, que passeia por referências que vão de Frida Khalo a Oxum, acompanha o lançamento. Nele, Gabz olha para dentro de si e parece se libertar de um amor que foi lindo, mas se tornou maldito. Ela se mostra aflita. Sofre, chora e se livra. A alusão é feita através das tranças em cenas minimalistas, porém com um efeito impactante, principalmente nas mulheres.

A cantora usou do seu talento na dramaturgia (foi um dos principais destaques na última temporada de Malhação) para tornar tudo ainda mais real. O olhar e os gestos se mesclam ao tom nude, enquanto uma enxurrada de sentimentos é dita em ritmo e beats que evocam a música pop, mas tem raiz no Rap, assim como ela que costumava dar o nome nas batalhas pelo Subúrbio Fluminense.

“Fiz esta canção na quarentena e depois de pronto fiquei ouvindo em looping enquanto tirava as tranças e tive uma crise de choro. Lembrei do quanto ficava vulnerável quando estava em transição. O meu cabelo mexe muito comigo. Me senti a menina de 16 anos que tinha medo de ir de cabelo cheio pra escola e eu já estava tão frágil de tudo que quando fui vendo a juba foi uma mistura de medo e alívio”, conta ela sobre a música e o clipe.

“A principal referência ali foi o autorretrato de Frida Khalo. Quando fui vendo minha juba foi uma mistura de medo e alívio. Olhei no espelho e lembrei do autorretrato de Frida com cabelo cortado. Ela cortou, depois de terminar com Diego. Sempre me identifiquei com ela e associei isso com minha transição capilar para me encarar como realmente sou. Revisitei um dos processos mais profundos que tive comigo mesma que foi a transição. A cena do clipe foi algo que realmente tava acontecendo. Estava no quarto ouvindo a música e tirando as tranças e isso me trouxe muitas sensações, que resolvi reproduzir”, lembra.

Gabz diz que escreve sobre si porque é o assunto que conhece melhor.

“Nessa música coloquei para fora um assunto que não conseguia tocar. Notei que a música toda feita para uma pessoa, poderia facilmente ser eu falando comigo no espelho. Todo aquele afeto que eu cobrava dessa pessoa eu também não me dava”, avalia.

Hoje Gabz nem encara quem a fez sofrer como um vilão, nem quer apagar as coisas boas que construiu através dessas pessoas. Ela segue ainda sem respostas, mas o isolamento fez ela encarar seus monstros e abraçar todas as vulnerabilidades. Que bom que ela transformou isso em uma música com jeitão de hit.

Assista “Insegurança”: