JDR entrevista Mobb. Confira!

Dono de uma escrita única no cenário atual do Rap Nacional, Mobb tem se destacado…

Dono de uma escrita única no cenário atual do Rap Nacional, Mobb tem se destacado por sua forma de abordar problemas e questões variadas de uma forma diferente. Sempre fazendo questão de deixar claro que é antes de tudo um poeta, suas músicas viajam por conceitos filosóficos, históricos, pela literatura, HQ’s, filmes, e etc; para assim levar o ouvinte à reflexão. Suas rimas são retratos caóticos do cotidiano de Salvador, mas quem disse que o caos não pode ser arte? Nessa entrevista ele fala um pouco sobre o que move sua poesia.

JDR – De início vem nossa maior curiosidade, como o Victor se tornou o Mobb? De onde veio o nome?

Eu escrevo já a bastante tempo desde o tempo da escola quando ampliei meu interesse em literatura, sempre enxerguei na poesia um elemento transformador a priori do intimo posteriormente do próximo. O nome vem de um jargão inglês, significa gangue, quando eu comecei a fazer freestyle eu não tinha um vulgo específico, como sempre caminhei sozinho designei-me uma gangue de um só membro, Mobb.

JDR –  E sua união com o Baco para formar o D.D.H, como aconteceu? Tem trabalhos novos vindo por aí?

O ddh surgiu nas batalhas de mc’s que frequentávamos, observamos que tínhamos algo em comum a busca por transmitir através da escrita e dos freestyles conteúdos que eram importantes pra nós e costumavam tratar com indiferença no meio do Rap, concretizamos a ideia quando eu tive a oportunidade de cantar num projeto chamado “Intersoterapolitano na aldeia”, e a partir do cache deste corre gravamos o primeiro Ep, depois tivemos a entrada do nosso querido DJ sly, agora com a amplitude do trampo de baco não tivemos tempo ainda de projetar coisas novas juntos, creio que a partir do segundo semestre coisas novas apareçam com o selo ddh de qualidade e também trabalhos com o selo Oldisgraça.

JDR – Vemos suas letras como únicas, repletas de referências literárias, filosóficas e com elementos da cultura pop, como a música intitulada Gotam Night’$, por exemplo. Nos conte algumas de suas inspirações nesse contexto, livros, HQ’s, séries, filmes e etc. O que você mais curte?

Eu gosto bastante de ler, normalmente livros, atualmente títulos como Noites Brancas de Fiódor Dostóievsky, Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex, as referências filosóficas vem desde um livro bem legal que eu ganhei a uns dois anos chamado Os Simpsons e a Filosofia, não me recordo o nome do autor até os conteúdos dos tempos de escola, gosto pra caralho de HQ’s V for Vendeta é o meu predileto, já assisti ao filme centenas de vezes, gosto de alguns títulos da DC Comics, não costumo assistir séries no contexto dos filmes sou um grande fã de Quentin Tarantino…

JDR –  Você fez uma recente participação na música do rapper Fil, como tem sido sua interação com o Rap de Estados fora do Nordeste? Podemos esperar por mais colaborações?

Eu fiz aquele som com Fil quando eu tive a oportunidade de colar no interior de minas há uns dias, eu costumo trocar ideia com alguns parceiros de fora, em breve vai sair uma participação do Victor Xamã no meu trampo solo, tenho uma faixa com boca do alma também que tem que sair dos planos e se concretizar, Scooby de sp também é sangue nobre temos alguns projetos pra sair em colaboração.

JDR – Vejo sempre que você aborda o Pixo, muitas vezes o pixo é rejeitado dentro da própria cultura Hip-Hop. Para você qual a importância do pixo? Como ele se encaixa na sociedade em sua visão?

O pixo é a voz dos excluídos, ”quando o povo cala o muro fala”. O pixo é uma especie de pintura rupestre, representações que modificam a aparência do meio e se reciclam a todo momento por exemplo a pichação aqui na Bahia é algo diferente de todos os outros estados, letrados que desafiariam calígrafos a desenvolve-los. Encaixam-se na escória, como a parcela de inconformados que comunicam-se entre marquises perpetuando a linguagem da rua de geração em geração.

JDR –  Saindo um pouco do contexto do Rap, eu queria devolver duas perguntas que você faz na música “Ruínas”, tendo em vista o Brasil e sua atual cultura e política: Onde Estamos? Até onde vamos?

Sinceramente acho que estamos no epicentro de um caos causado pelo próprio sistema, visto que entendem como mais viável matar ou aprisionar a população negra e pobre, a falta de investimento em educação vai agravando o quadro social agora com a catalização do desemprego, inflação no ápice, os convites ao mundo da criminalidade e suas falsa facilidades no gueto tendem a ser uma viável forma de sobrevivência, já que não levam cultura pra favela repressão e racismo só vai gerar mais ódio em quem já não suporta mais tudo aumentando exorbitantemente num país sucateado com um dos maiores custos de imposto do mundo.

JDR – Nós somos de Brasília, há algum som ou artista daqui que você curta?

Viajo no Um Barril de Rap, acho genial o trampo dos caras e também do meu parceiro Rafael Pereira do coletivo AltoKalibre.

JDR –  Por fim agradecemos e pedimos que deixe uma mensagem para os nossos leitores.

Salve a todos os leitores, fiquem ligados nos próximos trabalhos que eu vou soltar espero que se identifiquem, obrigado a cada um que fortalece o trampo escuta. compartilha e cola nos shows gratidão mesmo, esse ano espero que não faltem trabalhos de qualidade pra elevar o nível como diz Diomedes, e que o regionalismo não seja barreira pra cultura hip-hop, um salve a todos os bboys, mcs, grafiteiros e djs aos que conheço e aos que eu não conheço vida longa.