Exclusivo: Onã e Slim Rimografia se unem no single 440Km/h

Fazendo um passeio pelas vivências de quebradas e as suas semelhanças, mesmo em estados diferentes,…

Fazendo um passeio pelas vivências de quebradas e as suas semelhanças, mesmo em estados diferentes, Onã e Slim Rimografia se preparam para o lançamento do single 440Km/h. Com produção musical e beat do Dachvva, mixagem de Pasz, colagens e scratch de DJ Gio Marx e coro de Saint Crop, o single vai ser lançado nesta sexta-feira (12).

Em um novo momento na sua carreira, Onã está adotando elementos do trap, como beats eletrônicos e a variada experimentação sonora, principalmente com os timbres de 808, que levou artistas como Matuê, Teto, FBC, Jovem Dex, MC Poze, Yunk Vino, entre outros artistas, às paradas de sucesso das principais plataformas de streaming.

A escolha por inserir elementos característicos do trap em seus sons, vem da profissionalização que o gênero tem proporcionado a artistas do Rap na indústria musical. Ou seja, o artista passa a apostar em um ritmo mais dançante nos seus sons, sem abandonar a sua principal escola dentro do RAP, que é o BOOMBAP. E o single com Slim Rimografia é o primeiro de muitos lançamentos, ainda em 2021, nessa nova levada. 

Confira a entrevista exclusiva dos artistas para o Jornal do Rap:

JORNAL DO RAP – Qual a principal mensagem dessa música, o que ela representa para vocês?

ONÃ – Eu acho que a principal mensagem dela é que dá para ser relevante, passar uma mensagem responsa em uma música que pode tocar em uma festa, tá ligado? O beat dela remete a esse lugar dançante, onde a galera balança a cabeça, mas a gente tá ali passando uma ideia da nossa vivência nos lugares onde a gente morava, saca? Eu morando na Baixada, em São João de Meriti e como eu já enxergava as coisas e o Slim morando lá para o lado do M’Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo, e como ele enxergava as coisas. 

O objetivo é marcar as pessoas e não só produzir músicas que daqui um mês, no máximo, a galera não vai assimilar mais. Então, eu acredito que a 440Km/h faz esse papel, daqui a 20 anos eu tenho certeza que ela vai estar fazendo sentido para muita gente ainda, porque o Brasil é terceiro mundo, se a gente for trabalhar com a realidade, é um tanto difícil das coisas mudarem aqui, né? A gente tem que remar muito, correr muito, né? Então, é isso assim, infelizmente ela vai estar fazendo sentido daqui a 20 anos, mas ela também vai estar alimentando ideia para uma galera, tá ligado? Então, acho que o principal cerne desse som é esse.

JORNAL DO RAP – Como foi a experiência de gravar com o Slim, e porque da escolha dele?

ONÃ – Gravar com o Slim foi foda e fácil, saca? No final das contas, é um cara mega experiente, tem a caminhada dele aí, tem o nome dele, o respeito dele e a forma de agir mega pé no chão, atento para tudo que está acontecendo. E foi foda , foi muito maneiro, porque ele chegou no estúdio, a gente já tinha trocado uma ideia assim, ela já tinha se colocado a disposição e o Dachvva chamou ele para colar lá, ele colocou, a gente trocou uma ideia, ele ouviu a faixa e começou escrever uma parada. Ele me mostrou, eu falei que tava de acordo, mas eu passei a ideia do som, então ele entendeu e apagou algumas coisas que ele tinha escrito e depois de 20 minutos estava com tudo pronto. E quando cantou… Pô, era aquilo mesmo, tava batendo bem e já era! Depois disso foi fone e microfone, gravou e tá pronto mano, tá foda . Então, foi fácil e está muito bom! Acho que foi uma experiência muito maneira e a gente vai entender a amplitude disso depois que a música sair.

JORNAL DO RAP – Conta pra gente um pouco sobre as influências musicais utilizadas para esta faixa?

ONÃ – A principal influência dessa faixa é o BOOMBAP, né? Uma influência do Rap que influenciou a mim e a ele, tá ligado? A influência do BOOMBAP 100%, até a forma de pôr as rimas, né? Tem uns cortes que o DJ Gio Marx colocou de algumas músicas do Racionais MCs, que porra, eu acho que é a influência número um de todo mundo que faz rápido Rap no Brasil, pelo menos nesse lugar mais consciente da coisa, né? Difícil dizer que é para todo mundo, mas nesse lugar mais consciente da coisa, os caras são os caras e ponto. 

Então, influência de Racionais MCs, mas principalmente da escola do BOOMBAP, de todos os MCs que fizeram BOOMBAP em todo esse tempo que o Rap existe no Brasil, acho desde o primeiro play, sabe? A gente só modernizou o beat, colocando uma linha de 808 ali batendo, que é a cara do Trap, né? 

JORNAL DO RAP – Com o avanço da tecnologia o mainstream tomou conta da cena musical, você acha que essa movimentação pode tirar um pouco da essência do rap? O que você acha sobre o tema?

ONÃ – Eu acho importante que o Rap se comunique com todo mundo, que esteja no mainstream, mas o problema é que os vícios de mercado existem, que sempre tentam deixar a parada mais festiva. Os artistas de Rap, que estão batendo milhões de views, não querem ter a responsabilidade de trabalhar com o gênero musical, que vem de quebrada, que tirou um monte de gente da morte, do tráfico, de vício, saca? 

As ideias que os caras como Racionais, Facção, Gogh, MV Bill, davam, tudo que esses caras cantavam… Da falecida Dina Di, RZO… Tudo que esses caras e minas cantavam batia para mim lá em São João de Meriti. Todo mundo muito longe de mim, muito distante, em outros estados, e eles estão contando coisas que eu estava vivendo lá. Então, é isso, eu acho que o Rap não só pode estar, como deve estar no mainstream, mas a gente precisa ter pessoas que tenham uma vivência do Rap, que tenham sido tocadas pelo Rap, para a parada não perder a essência, que aí sim você vai poder falar de festa, falar de zueira, sem perder a mão.

JORNAL DO RAP – O que essa música representa nesse novo momento de carreira como Onã?

ONÃ – Essa música representa um mundo de possibilidades e ela fala justamente disso. Eu estou aí há muito tempo, mas agora que eu estou pulando de fato no jogo. O Slim já está no jogo há muito tempo, e de certa maneira, ele está me chancelando essa passagem chegando junto em um feat comigo. Então, eu acho que ela representa um mundo de possibilidades, de conquistas, tá ligado? Eu comecei a trabalhar com música de 12 para 13 anos, e agora com 34, vai ser o meu primeiro EP, meu primeiro trabalho conciso. Então, acho que representa, antes de tudo, essa vontade de não desistir das coisas, de procurar novos caminhos, de fazer e entregar o melhor para quem está disposto a te ouvir e entrar na mente que vai te conhecer a partir daquela música, que vai ser tocado inesperadamente.

JORNAL DO RAP – Como surgiu a ideia de uma parceria com o Onã? Vocês já se conheciam?

SLIM – A parceria de som com o Onã surgiu através do contato mesmo assim de trocar ideia. Eu conheci o Onã mesmo na casa do Dachvva, um dia que eu colei lá para conhecer o estúdio. Mas a gente já tinha se encontrado, ele até me mandou… Ele tinha uma foto nossa na estação Tucuruvi, alguns anos antes. E aí nós ficamos trocando ideia sobre som, a gente tinha muitos amigos em comum, muita coisa em comum também a respeito de música, e aí foi muito natural. Eles ouviram lá o som e pensaram em mim nesse som. E aí quando me chamou, eu fui lá ouvir e era isso mesmo, fluiu lindamente.

JORNAL DO RAP – Qual a narrativa por trás da faixa? Qual o principal recado que você gostaria de passar com ela?

SLIM – Pra mim esse som fala sobre vitória, mas de uma outra forma assim, sabe? Ele é um passeio nas vivências de quebrada de cada um, mesmo cada um lugar diferente. A gente percebe que jovem preto periférico, não importa se é na favela aqui de São Paulo ou no Morro do Rio, as coisas são muito parecidas. A música é um passeio nas vivências de quebrada de cada um. A gente percebe que jovem preto periférico, não importa se é na favela aqui de São Paulo ou no Morro do Rio, as questões são muito parecidas. A gente narra desde a quebrada, onde buscamos a vitória de uma outra maneira, trazendo um caminho novo na nossa trajetória. A gente não romantiza a pobreza, mas também não menosprezamos tudo que a vivência periférica nos ensinou e que nos fez chegar até aqui. 

JORNAL DO RAP – Com o avanço da tecnologia o mainstream tomou conta da cena musical, você acha que essa movimentação pode tirar um pouco da essência do rap? O que você acha sobre o tema?

SLIM – Eu acho que o mainstream sempre existiu. Talvez agora a gente consiga perceber mais, por terem muitos nomes, mas é isso… A música + entretenimento + a arte é algo questionador, e eu acredito que a essência do Rap sempre foi questionar, a ideia musical do Rap sempre foi isso e acho que ela nunca vai morrer. Talvez a gente não perceba um Rap tão consciente no mainstream, mas automaticamente o Rap continua existindo. Eu continuo sempre no mesmo lugar onde eu sempre estive fazendo meu Rap, que sempre foi um Rap de protesto, sempre buscando mudança, trazendo transformação. 

Então, basicamente, eu nunca mudei de lugar da minha posição artística, da minha vivência de arte, ela continua sempre a mesma, que é uma arte de transformação. Da mesma forma que eu fui transformado pela cultura Hip Hop, eu acredito que é isso que eu tenho que seguir e é isso que eu sigo. Então, muitas vezes eu nem observo tanto o mainstream dessa forma, eu ainda vejo muito viva a cena do Rap Revolucionário.

JORNAL DO RAP –  Por fim, pode deixar uma mensagem para os leitores do nosso site, aos fãs, amigos e apoiadores do seu trabalho? Você poderia adiantar, com exclusividade, seus planos musicais para 2022, pensando na retomada do setor cultural?

SLIM – O que eu tenho pra deixar de mensagem é que o Hip Hop continua vivo, estamos em atividade plena. Sempre dobreviventes desse holocausto, mas estamos mantendo nossa arte viva. As novidades que temos é que agora vem Slim Rimografia e Onã chegando pesado! Tem projeto meu chegando junto com Kamau e SKiT, um EP que chega agora em novembro. Tem também mais dois EP’s de peso, possivelmente um saia ainda esse ano em Dezembro ou no máximo no começo do ano. E é isso aí, o Hip Hop não para, seguimos aí vivos e fortes. Obrigado pelo espaço!  

 

SOBRE ONÃ

Onã é cantor, compositor, percussionista e rapper, e não menos importante, neto de Viludinho e cria da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O artista já dividiu o palco como percussionista com grandes nomes da música, como Almir Guineto, Reinaldo, Leandro Sapucahy, Alceu Valença, Milton Nascimento, Criolo, entre outros. E também, já cantou em grandes palcos, como Casa Natura Musical, Circo Voador, Sesc Pompeia e Centro Cultural Rio Verde. Onã se prepara para lançar em 2021, um feat com o rapper Slim, e o seu mais novo EP AFROMANOTROPICAL.

SOBRE A BRABA RECORDS

A BRABA RECORDS nasce na São Paulo de 2021 para buscar um lugar na nova cena da música urbana brasileira. Acreditamos no grande potencial das novas vertentes do Hip Hop Nacional, como Trap, Drill e Plug e do clássico Boombap, dentro disso, buscamos construir uma sonoridade brasileira de Pop baseada no Hip Hop. O selo conta com a direção artística de Dachvva e produção musical de Pasz. Dachvva atua profissionalmente na música a mais de 15 anos, como artista, produtor musical, compositor, diretor artístico, engenheiro de som e empresário. Desenvolveu trabalhos musicais focados nas musicalidades de matriz africana, samba, bossa, reggae e hoje se volta aos afrobeats e hip hop. Pasz é um produtor brasileiro natural do Rio de Janeiro. Iniciou a carreira musical aos 16 anos de idade. Já produziu remixes oficiais para Andy Bianchini “Suburbia”, Sebastian Relius “Journey of a Lifetime” Kelvin Remp “Viva o Após” dentre outros. Recentemente, junto com Levez e Falamansa lançaram a releitura de “Avisa”, sucesso da banda Falamansa.

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