
Dexter, o Oitavo Anjo, Detalha 35 Anos de Rap, Cárcere e Superação em Podcast de Benja
O rapper Dexter, conhecido como Oitavo Anjo, foi o convidado especial do podcast “BENJA ME…
O rapper Dexter, conhecido como Oitavo Anjo, foi o convidado especial do podcast “BENJA ME MUCHO #153”, comandado pelo jornalista Benja. Na entrevista, o artista, que soma 35 anos de trajetória no rap brasileiro, compartilhou histórias de bastidores, reflexões sobre seus anos na prisão e o papel transformador da música em sua vida. O programa está disponível no YouTube e nas principais plataformas de áudio.
O Rap entre a Consciência e a Ostentação
Durante a conversa, Dexter analisou as transformações do rap desde os anos 90, expressando preocupação com a perda da essência do hip-hop, que nasceu com o propósito de salvar vidas e oferecer apoio a pessoas com problemas sociais. Ele criticou o “descompromisso” de parte da nova geração que, segundo ele, parece priorizar a ostentação, o dinheiro fácil e a diversão em detrimento da mensagem.
O rapper reafirmou seu compromisso pessoal com um rap consciente e politizado, que aborda a realidade da favela, o racismo e o encarceramento em massa da população preta. Ele também rejeitou o preconceito interno no público do rap contra artistas que prosperam financeiramente, defendendo que ganhar dinheiro com a música é “natural e necessário”, visto que o rap se tornou uma indústria.
A Influência dos Racionais MC’s e a Superação Pessoal
Dexter relembrou como o rap entrou em sua vida através dos Racionais MC’s, citando a canção “Pânico na Zona Sul” (1989/1990) como o ponto de inflexão que o motivou a formar seu primeiro grupo, o “Snake Boys”. Ele destacou os Racionais como educadores e formadores de consciência em sua vida e na juventude negra.
O artista também detalhou seus 13 anos e 3 meses na prisão. Ele explicou que o rap foi sua ferramenta de sobrevivência e cura, funcionando como “irmão mais velho e psicólogo”. O processo de composição, resultando em músicas como “Oitavo Anjo” e “Fênix”, simboliza sua luta e renascimento. Ele afirmou que sua “fuga mais espetacular” foi deixar o cárcere pela arte, sendo reconhecido como artista.
Parceria Inesperada e o Projeto Social
Um dos momentos mais marcantes da entrevista foi a surpresa com a presença do Dr. Jaime, o juiz que o libertou e com quem mantém uma amizade e um projeto social. Dr. Jaime defendeu a importância da saída temporária (saidinha) para a reinserção gradual do preso. Juntos, eles desenvolvem o projeto “Como Vai Ser o Mundo”, que utiliza a arte como ferramenta de transformação dentro das unidades prisionais, destacando o valor da humanidade no sistema judicial e prisional.
“Acharam que eu estava derrotado? Quem achou estava errado.”