Ceilândia responde EUA com Arsenal Cultural

Recentemente o governo estadunidense recomendou em documento que seus cidadãos evitem algumas regiões do DF por…

Recentemente o governo estadunidense recomendou em documento que seus cidadãos evitem algumas regiões do DF por ‘questões de segurança’, entre elas estava nossa Ceilândia.

A justificativa para as recomendações, de acordo com o documento, seria a “alta taxa de criminalidade” principalmente em transportes públicos, setores hoteleiros e áreas turísticas. “Esses incidentes podem acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento”, diz o governo mais beligerante do planeta.

Max Maciel coordenador da RUAS, Ceilandense nato, levanta a voz para defender a cidade. Foto: Mídia Ninja

A recomendação foi recebida com um certo humor pela maioria das pessoas, mas é algo sério a se levar. Quem não conhece nossa cidade não deve saber, mas há alguns anos boa parte dos moradores escondiam onde moravam, tinham vergonha ou preferiam não falar para evitar preconceito principalmente ao procurar por um emprego, hoje a situação tem mudado, principalmente por causa dos movimentos culturais, cada vez mais a juventude tem orgulho de se declarar ceilandense, isso pode ser visto nas camisas, nos bonés com o nome Ceilândia, nas letras das músicas, nos graffitis e até tatuagens. Cada dia movimentos culturais sem empenham em desconstruir a imagem que a mídia construiu durante anos de que Ceilândia é um lugar apenas de violência. Por isso a recomendação do governo estadunidense é tão ofensiva. Somos uma cidade sim com problemas, e jamais negamos isso pelo contrário, há quantos anos o Rap ceilandense não toca nessa ferida?

Entretanto, somos uma cidade que também emana vida, beleza, luta, resistência e cultura, muita cultura. Foi por isso que um dos principais meios culturais da cidade o Sarau- VA (Voz e Alma) resolveu responder a isso da forma que sabe melhor, com um grande evento na nossa conhecida Praça da Bíblia.

Suelen Vieira uma das representantes da Casa Ipê. Foto: Mídia Ninja

O Sarau retornou com valor e potência, e foi uma grande celebração, o evento teve participações de lideranças artísticas da cidade, todos falando sobre a Ceilândia.

O tema principal do evento foi Eu Amo a CEI, começando com Voz e Violão da Casa Ipê e com participações de Marcelo Café, Intervenção com MeiMei Bastos, Proza de Mcs. Mas não foi só isso teve poesias e bate papo com a galera e um pocket show para levantar a rapaziada com Japão Viela 17, e para finalizar rolou remixagens com o Dj Palito.

A praça estava cheia e emanando um entusiasmo indescritível, não teve nenhum problema.

“Sarau VA foi Lindão, lotado de uma energia que só quem foi pode dizer.
Varias irmãs e irmãos de outras quebradas colaram e junto com nós, ajudaram a fazer desta terça um dia especial.
E se você não viu na imprensa, nos blogs, site ou páginas é por que não deu nenhuma treta. Por que essa turma vive disso. A Chamada Violência na quebrada é o ibope deles.
É só Voz e Alma!” Comenta, Max Maciel.

Somos perigosos Trump, pergunte aos seus mórmons que andam livremente e pregam em nossas ruas.
Somos perigosos Trump temos rajadas líricas cheias de consciência.
Somos perigosos Trump temos trilhas naturais, sítios arqueológicos, temos dois patrimônios tombados como históricos (Casa do Cantador e Caixa D’Água) e muita beleza.
Somos perigosos Trump, pois somos filhos dos imigrantes que construíram Brasília.
Somos perigosos Trump, pois somos um dos berços da Cultura Hip Hop no Brasil.
Somos perigosos Trump, pois a cada dia vencemos nossos problemas e buscamos a melhora da cidade.
Somos perigosos Trump por sermos uma cidade acolhedora inclusive para qualquer estadunidense que vier.
Somos perigosos, pois somos a resistência, somos a luta do trabalhador, somos a face do povo sofrido que não desiste, somos Forró, somos Rap, somos Break, somos viola, somos o repente, somos Elemento em Movimento, somos Lazer das Quebradas, somos Smurphies Disco Club, somos força motora do DF, somos a Ceilândia.

 

I Love CEI