Abronca lança “Pelos Meus Ancestrais”

Abronca prega igualdade racial na incisiva “Pelos Meus Ancestrais”

Faixa tem participação de Késia Estácio

O duo de rap Abronca lança “Pelos Meus Ancestrais”, faixa que questiona o tratamento que o povo preto vem recebendo há séculos.

A canção é uma tentativa de sintetizar o sentimento de revolta perante um sistema que é opressor e racista. O single conta com a participação de Késia Estácio e está disponível em todas as plataformas de música digital.

Cria da comunidade do Vidigal, o Abronca vem, desde 2017, se consolidando na cena do rap nacional. “Pelos Meus Ancestrais” é o segundo single do projeto “METE A BRONCA”, experimento criativo concebido por My e Jay durante a quarentena. Na impossibilidade de fazer shows, o duo compartilhava pelo IGTV, semanalmente, composições em estado bruto – ainda sem lapidação de produção musical – com o objetivo de se manterem ativas e em contato com o público. Até dezembro, Abronca planejou o lançamento de uma trinca inédita de hits, que teve início com a lovesong “Fiz pra Você”, em parceria com Rod 3030.

Assista ao clipe de “Fiz pra Você”:

“Pelos Meus Ancestrais” é resultado da dor de toda uma vida, somada à perplexidade diante de acontecimentos que revoltaram o mundo, mas que não são novidade para quem vem, há centenas de anos, sofrendo com o racismo.

“Estávamos muito impactadas pelo que tava acontecendo, com o Black Lives Matter e os casos de violência policial. Senti muito na alma a dor dos nossos ancestrais e comecei a escrever. Nossa mensagem veio pra bater de frente com o racismo e genocídio da população negra. Esse som ele é um grito pra dizer que não vamos mais ficar calados diante toda violência, que não vamos mais aceitar que sangue preto seja derramado injustamente”, conta Jay.

A música ganhou novos contornos com a participação de Késia Estácio. Assim como My e Jay, Késia é cria do grupo de teatro “Nós do Morro” e vem se destacando como cantora e atriz. Além de dar vida a uma das facetas de Elza Soares no musical “Elza”, atuou no humorístico “Fora de Hora” da TV Globo.

“A Késia é uma figura referência pra gente como mulher e artista. Ela nos acompanha desde nossa infância e nos ajudou muito com aulas de canto. Foi muito importante no nosso amadurecimento não só como pessoas, mas como artistas. Ela foi alguém que pensamos de imediato por ser referência não só pra gente, mas para outras mulheres negras”, comenta My.

O novo single faz uma ponte com a verve de protesto do grupo de faixas como “174” e mostra a versatilidade do trabalho do Abronca. “Pelos Meus Ancestrais” tem produção de Nathan no Beat e está disponível em todas as plataformas de streaming de música.

Assista “Pelos Meus Ancestrais”:

Ouça “Pelos Meus Ancestrais”: https://links.altafonte.com/pelosmeusancestrais

Letra “Pelos Meus Ancestrais”:

E se vocês não me derem brecha

Eu vou tomar de você

Tomar de você o seu trono

Se não me derem brecha

Eu vou roubar de você

Roubar de você o seu ouro

Cobro pelos meus ancestrais

Virei o seu pesadelo

E vou tirar de você o seu sono

E se não me derem brecha

Eu vou roubar de você

Roubar de você…

(JAY)

Devolvemos com violência

Porque vocês ferem nossa resistência

Fazendo jus a nossa existência

Pensa se é real o que falam na imprensa

A polícia é assassina

Falo pela vida do meu tio William

Entram na favela, nos tiram a vida

E o que sobra é o luto da nossa família.

O meu povo tá sangrando,

Me diz por que estão nos matando

Em vidas inocentes estão atirando

Nos tiram o ar, tão nos sufocando

Nos tratando sempre como marginais

Como animais, nunca como iguais

Sua lei é falha, já não me desce mais

Olho toda a luta dos meus ancestrais

Nada nesse mundo vai calar minha voz

Da minha favela eu sou porta voz

Haverá justiça se depender de nós

Somos João Pedro também George Floyd

(REFRÃO)

(MY)

Carrego diretrizes de ancestrais

Querem silenciar a nossa dor

Renegar os meus traços

Ocultar nossos passos

Incriminar a nossa cor

Tendo os mesmos sonhos que Luther King

Os mesmos princípios Djamila

Bravura e coragem de Dandara

Não sendo mais um número na estatística

Me sentir livre sem ter medo de “farda”

Sem o celular confundido com arma

Sem ser suspeito pela minha cor

Pela minha veste, pela minha fala

Carrego nas costas minhas cicatrizes

Enquanto houver luta seremos resistência

Grito por justiça, por igualdade

Por respeito, pela minha essência