Foto Créditos: Douglas Garcia

Rita Figueiredo lança o videoclipe Brasília

Com técnicas como arte colagem e stop motion, o videoclipe mescla desenhos realizados à mão…

Com técnicas como arte colagem e stop motion, o videoclipe mescla desenhos realizados à mão com efeitos digitais; entre o blues e o folk, a canção traz denúncias sobre o processo de implementação da capital no cerrado brasileiro

O videoclipe Brasília, de Rita Figueiredo, resgata polêmicas abafadas durante o processo de construção da capital, como desapropriações de terra e o massacre dos candangos. Single do EP Meus Labirintos, a ser lançado no dia 24, Brasília traz, em um blues meio folk, um alerta sobre abusos de poder ocorridos na época, cuja solução, como diz a letra, “é só não anunciar”. Apesar da acidez do tema, a canção é ironicamente leve, unindo o vocal primoroso de Rita com violões de nylon e aço de Webster Santos, também produtor do EP.

Além de compositora com dois discos lançados, Rita Figueiredo cria seus próprios videoclipes, muitos deles premiados e selecionados em festivais internacionais. Em Brasília, ela usa arte colagens de Vera Kaplan como pano de fundo para elementos documentais que surgem em primeiro plano, como ilustrações próprias inspiradas em fotos do arquivo público da cidade. Mesclando técnicas manuais e digitais, incluindo stop motion, manipulação de papéis e pós-edição, o videoclipe, feito com a câmera do celular da artista, traz informações sobre absurdos ocorridos na construção da capital, tanto em inglês quanto em português. Assim como a canção, o clipe tem um ar leve e colorido, relembrando que muitas vezes a forma não condiz com o conteúdo – tal qual a construção de Brasília.

Apesar de ocorridos há mais de 60 anos, os problemas retratados na canção não ficaram no passado, como o descaso com os direitos dos trabalhadores braçais, desapropriações de terra e processos de gentrificação. “Brasília foi um projeto que não era para ser elitista, mas foi. E a propaganda que fizeram na época foi o inverso do que ocorreu de fato”, comenta Rita. “A cidade continua sendo palco de embates centrais da nossa política, como vimos nos ataques do dia 8/1, de modo que a canção segue atual”, conclui. A artista se inspirou, ainda, no documentário “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1992), de Vladimir Carvalho, para compor a canção.

Sobre Rita Figueiredo

A veia musical da artista Rita Figueiredo começou a pulsar desde cedo. Aos 13 anos, costumava cantar em rodas de choro organizadas pela sua mãe e irmã mais velha na casa de sua família, no Alto da Lapa, em São Paulo. As rodas eram abertas e sempre contavam com a presença de grandes músicos, como Isaias e seus chorões, Chico Araújo, Arnaldinho do Cavaco e Maricene Costa, entre outros. Aos 15 anos, a jovem começou a estudar canto lírico na Universidade Livre de Música (ULM), hoje conhecida como EMESP Tom Jobim.

Para aprimorar ainda mais suas habilidades como musicista, passou a estudar canto popular e violão. Aos 20 anos, Rita conheceu a cantora e compositora Vanessa da Mata e através da amizade e convivência entre elas, Rita sentiu o impulso de compor algumas canções inspiradas no processo de composição da amiga que era mais experiente na música. Essas primeiras canções viraram demos e em seguida Rita seguiu fazendo algumas apresentações em diversos clubes de jazz e centros culturais de sua cidade natal, São Paulo. A primeira oportunidade de lançar seu trabalho original surgiu em 2011, quando ganhou o Prêmio Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura de São Paulo, que financiou integralmente a criação de seu primeiro disco, “Brasilis, produzido por Marcelo Jeneci, Milton More e Webster Santos.

Em 2015, Rita mudou-se para Nova York e em 2018 lançou seu segundo álbum, intitulado “Benji & Rita”, com 14 músicas em parceria com o compositor, arranjador, cantor e guitarrista nova-iorquino Benji Kaplan. O álbum foi muito bem recebido pela crítica especializada nos EUA, figurando na lista dos álbuns mais bem avaliados da revista Downbeat, All of Jazz, World Music Central, World Music Report e Jazz World Quest. De 2018 a 2021, Rita atuou em vários palcos dos EUA, Brasil e Europa em turnê com Benji & Rita.

O lado artista visual de Rita Figueiredo criou e produziu muitos videoclipes animados para músicas do duo Benji & Rita durante a pandemia. Esses vídeos foram selecionados por dezenas de festivais ao redor do mundo e premiados em festivais como NYC Indie Film Awards (EUA), Calcutta International Cult Film Festival (Índia), Rome Prisma Film Awards (Itália), Nawada International Film Festival (Índia), Cinemafest (EUA) e Deep Focus Film Festival (EUA), além de ter um dos vídeos contemplados pelo Prêmio Funarte Respirarte (Brasil).

Foto Créditos: Douglas Garcia