
Promotor Lista 25 Motivos Graves e Sugere Intervenção Judicial no Corinthians por Fraudes e Ligação com Crime Organizad
O promotor Cassio Conserino, que atua na investigação sobre o mau uso dos cartões corporativos…
O promotor Cassio Conserino, que atua na investigação sobre o mau uso dos cartões corporativos no Corinthians, enviou uma representação formal à Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social sugerindo que seja avaliada a possibilidade de uma intervenção judicial no clube. O documento, datado de 11 de novembro e composto por 55 páginas, elenca 25 motivos que, segundo o promotor, justificariam a abertura de um inquérito ou o ajuizamento de uma ação civil pública.
Por atuar na esfera criminal, Conserino não possui competência para propor a intervenção diretamente, o que levou ao envio da representação a outra promotoria. O pedido, que cita uma série de investigações em andamento, está sob análise e segue em sigilo.
Denúncias e Mau Uso de Cartões
A representação destaca casos recentes, incluindo o mau uso dos cartões corporativos, que resultou na denúncia do ex-presidente Andrés Sanchez e do então gerente financeiro da atual gestão, Roberto Gavioli, por apropriação indevida e lavagem de capitais.
Conserino já havia detalhado o abuso no uso dos cartões:
“O cartão empresarial era utilizado como se fosse privado. Houve uma inversão da propriedade e um dos denunciados, o ex-presidente, passou a dispor desse cartão como se proprietário fosse e fez inúmeras compras particulares.”
Outro ex-presidente, Augusto Melo, também teve denúncia oferecida e recebida em seu desfavor por associação criminosa e lavagem de capitais, o que integra a lista de razões apresentadas. Além deles, Duílio Monteiro Alves, outro ex-presidente investigado, prestou depoimento ao Ministério Público na semana passada. Tanto Andrés quanto Duílio afirmam que reembolsaram o clube por gastos apontados como pessoais.
Os 25 Motivos que Justificariam Ação Civil Pública
O documento de Conserino detalha 25 razões que, em sua visão, tornam necessária uma investigação mais aprofundada ou a intervenção. Entre os motivos listados, destacam-se questões financeiras, denúncias criminais e suposta infiltração externa:
- Laudos de auditores externos com apontamentos de irregularidades;
- O Corinthians é patrimônio cultural, cuja proteção é competência do Ministério Público;
- Denúncia oferecida e recebida em face do ex-presidente Augusto Melo, dentre outros, por associação criminosa e lavagem de capitais;
- Denúncia oferecida em face do ex-presidente Andres Sanches e então gerente financeiro da atual gestão, Roberto Gavioli, por apropriação indevida e lavagem de capitais;
- Investigações em face de outros ex-presidentes em tramitação;
- Investigação de volumoso desvio de material esportivo por dirigentes da atual gestão, que, segundo auditoria, excedeu em quase 300% a cota anual do contrato com a Nike;
- Sistema de compliance inoperante;
- Assinatura por ex-presidente e por gerente financeiro (que também atua na gestão atual) de confissões de dívidas extintas por prescrição;
- Regime Centralizado de Execuções não cumprido e não homologado, contendo inclusive contratos lesivos ao clube;
- Pedido de intervenção judicial formulado por credor nos autos do Regime Centralizado de Execuções;
- Gestão temerária ao assumir a terceira maior folha de pagamento do país;
- Notas supostamente frias emitidas pelo Oliveira Minimercado, citada como empresa de fachada, tendo o Corinthians como único cliente;
- Boletins de ocorrência informando supressão de documentos de dentro do clube;
- Indícios da presença de crime organizado no pagamento de comissões da VAIDEBET a empresa supostamente ligada ao crime organizado;
- Atletas profissionais instalados em apartamento de propriedade de suposto integrante de organização criminosa (“Alemão”/José Carlos Gonçalves);
- Postos de gasolina supostamente ligados ao crime organizado licenciados com a marca Corinthians;
- Recibo de pagamento pelo Corinthians a ex-assessor parlamentar do ex-presidente André Sanchez, ligado a facção criminosa;
- Inobservância do estatuto para o impeachment de Augusto Melo, com sonegação de atas do Conselho Deliberativo;
- Uso de cartão corporativo por ex-dirigentes, mesmo após o final de seus mandatos;
- Endividamento impagável, segundo laudos de profissionais externos independentes;
- Ameaça a testemunha perpetrada por investigado no caso do desvio de materiais esportivos;
- Transferban da Fifa em valores milionários por falta de pagamento de atletas;
- Práticas de atos que podem caracterizar gestão temerária dentro da entidade desportiva;
- Desorganização institucional da gestão financeira, com omissão dos órgãos deliberativos e de controle;
- Outras dezenas de possíveis irregularidades (contratos duvidosos, TV Corinthians, contratação de jogadores de base, licenciamento de marcas com royalties insignificantes, empresas de fachada sob investigação do MP).