Projeto RAP DF - Foto Divulgação

Projeto de Educação em Unidade de Internação de Santa Maria Recebe Prêmio Nacional

Um projeto inovador de educação em uma unidade de internação em Santa Maria, Distrito Federal,…

Um projeto inovador de educação em uma unidade de internação em Santa Maria, Distrito Federal, ganhou destaque nacional ao vencer a etapa brasileira do V Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero. Utilizando a música e poesia do rap como ferramentas pedagógicas, o projeto promove a cultura de paz e direitos humanos entre adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. O prêmio é promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e pelo Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil.

O projeto, conhecido como RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), foi idealizado pelo professor de história Francisco Celso em 2015. Desde então, tem atuado com jovens de 12 a 21 anos na Unidade de Internação de Santa Maria. Francisco Celso destacou a importância do prêmio: “Fiquei muito contente de termos sido campeões nacionais. Isso é importante para valorizar esses jovens, mostrar que eles não são problemas, mas potências. A juventude não é o problema da nossa sociedade; a juventude é a solução.”

O projeto RAP atende cerca de 60 adolescentes por vez, somando aproximadamente 150 por ano e quase 1500 desde seu início. Utilizando a linguagem poética do rap, o projeto torna as aulas mais atrativas e ajuda a transformar vidas. “O projeto utiliza a linguagem do rap como ferramenta pedagógica para tornar as aulas mais atrativas e transformar trajetórias de vidas. Desenvolvi uma metodologia onde ensino história através de letras de rap, com aulas temáticas”, explica Francisco.

O impacto do projeto é visível no desenvolvimento dos adolescentes. Francisco Celso observa melhorias significativas na escrita, argumentação, autoestima e expressão oral e corporal dos jovens. “A curto prazo, esses são os resultados mais evidentes. A longo prazo, é a ressocialização de fato. Continuamos acompanhando os egressos para evitar a reincidência em atos infracionais, com êxito notável. Entre as meninas, a não-reincidência é quase 100%, e entre os meninos, cerca de 80%.”

Com a vitória na etapa nacional, o projeto RAP agora disputará a fase ibero-americana nos dias 6 e 7 de setembro, no Rio de Janeiro, com premiação de 8 mil dólares para o vencedor, 4 mil para o segundo colocado e 2 mil para o terceiro. A comunidade aguarda ansiosamente para ver o reconhecimento ainda maior desse trabalho transformador.

A agenda cultural intensa na Unidade de Internação, com saraus, rodas de conversa, cine-debate, festivais de música e slam de poesia, reforça a importância de iniciativas como essa na ressocialização de jovens e na promoção da cultura de paz e direitos humanos.