Foto Créditos: Menê _ @______mene

Primeiro disco de estúdio do ruadois, com participações de JOCA, Alt Niss, Ogoin e mais

A novidade já está disponível em todas as plataformas digitais e acompanha um short filme…

A novidade já está disponível em todas as plataformas digitais e acompanha um short filme no YouTube

O coletivo mineiro ruadois, formado por DJ Akila, Mirral ONE e Well, rompe as barreiras da música contemporânea ao integrar de forma criativa o ritmo do rap, com garage e outras vertentes da música eletrônica como drum’n’bass — marca registrada da versatilidade inerente ao grupo. Agora, após dois EPs (“s2” e “entreato”) e dois live set (proibido estacionar vol.1 e vol.2), o ruadois apresenta seu primeiro disco de estúdio junto com Natura Musical: Sinfonia Marginal, uma união precisa entre a sofisticação de uma sinfonia e a energia das ruas. Com as barras de Mirral ONE e Well, Sinfonia Marginal conta com as participações de Alt Niss, Liah, Ogoin, JOCA e DiPaiva, somadas às produções e waves de Arthur PS. Para conceituar ainda mais a narrativa, ruadois disponibiliza um short film, com direção criativa por Fresco  — disponível em todas as plataformas digitais (ouça agora).

Conhecido pela forte influência do garage, o ruadois aposta na influência de diversas vertentes da música eletrônica com a estrutura clássica de uma sinfonia para narrar vivências e anseios ligados aos sonhos, medos e à coragem necessária para encarar a realidade.
As 12 faixas são desenhadas como uma história íntima, iniciando com a música que dá nome ao disco, conceituando a narrativa central da obra por meio de uma “voz” que descreve um cenário desajustado e desafiador. Logo em seguida, Mirral ONE e Well assumem o protagonismo e explanam sua visão, marcando o início da Sinfonia Marginal.

Na sequência, “Mira” apresenta a primeira participação, com a voz energética de Liah; juntos, reafirmam suas raízes e refletem sobre as expectativas e os contrastes impostos à juventude à margem. A terceira faixa, “Siga!”, assume um tom mais sóbrio, com uma atmosfera de preparação afirmativa — o refrão é um grito de resistência de jovens que enfrentam, diariamente, as incertezas de uma geração. “Essa faixa é especial pra mim. Eu tinha iniciado a composição há um tempo e não conseguia resolver algumas questões da letra. Depois de selecionar o beat e aplicar a ideia inicial ao contexto geral do álbum, tudo fluiu com mais facilidade.”, expressa Well.

Passando para o primeiro interlúdio, “Suspeito” marca a transição entre os atos da obra e reforça a ideia de uma sinfonia em movimento. Inspirado no ritmo footwork (popularizado por DJ Rashad), o intermédio se constrói pela repetição de frases, gerando uma tensão harmônica. A expressão “suspeito, na mira do enquadro” sintetiza esse estado de alerta constante, refletindo a vigilância e o cuidado exigidos a cada passo.

Essa sensação de estar sempre por um fio se desdobra em “O Tempo”, faixa que segue a reflexão proposta no disco como uma conversa interna, em que os artistas revelam seus receios sobre camadas de colagens sonoras criadas por DJ Pat Manoese — texturas que adicionam profundidade à lírica e à narrativa emocional. Logo depois, “Nem Tudo São Flores”, com participação de Alt Niss, mergulha no drum’n’bass para explorar o encerramento de ciclos, em versos que falam sobre perdas, recomeços e as diferentes formas de lidar com o inevitável. A presença de Alt Niss amplia essa visão com sua interpretação única e sensível, que complementa a faixa com maturidade e força — “Como  é o nosso primeiro álbum, tudo tem um peso muito especial. Por isso, cada escolha foi feita com muito cuidado. Queríamos trazer pessoas com quem já tivemos alguma vivência pessoal, que gostam do nosso trabalho e que, de alguma forma, já colaboraram em outros projetos. Além disso, ouvindo as faixas, pensamos em artistas que combinavam perfeitamente com cada som, ouvindo o beat a gente logo pensava: ‘essa música é a cara de fulano haha’, e assim foi…”, explica Mirral ONE.

A transição para “Deixa Acontecer” traz uma virada de energia. Em clima mais leve e alto astral, a música, com participação do conterrâneo Ogoin, representa um momento de libertação: o personagem rompe com o passado e se abre para novas oportunidades. Os versos de Ogoin funcionam como o conselho de um amigo próximo, encorajando Mirral a apostar novamente no amor e na vida.

Na sequência, “P.O.V”, com Di Paiva, foca no momento presente e assume um tom introspectivo e provocador, navegando entre devaneios contraditórios que refletem as incertezas da juventude. Já “Sublime” une Well, Mirral ONE e JOCA para falar sobre coletividade e pertencimento. A música é uma ode à força do grupo e à união que os sustenta, com versos como “Olha pra mim que cê vai ver vitória / olha pra nós que você vai ver um time”, exaltando a importância de vencer junto, como um coletivo.

Chegando à reta final, o interlúdio “Caos Urbano” retorna ao footwork e à voz do narrador, agora focando em descrever os cenários da cidade dentro das margens que permeiam todo o disco. É como um zoom out da jornada, ampliando a visão para o todo. A seguir, “Caro” remete diretamente às origens do ruadois. Com um beat de garage 4×4 construído sob medida, a faixa se transforma em vitrine para rimas afiadas que reafirmam o progresso, a evolução e o domínio do trio sobre o estilo — talvez a representação mais refinada da estética que o coletivo vem consolidando ao longo da trajetória.

Por fim, “Bem-Vindo à Selva” encerra o disco com uma visão mais madura e consciente sobre o mercado musical e a vida fora dele. O narrador retorna uma última vez para costurar a mensagem final, reafirmando a importância da coletividade e a partilha dos frutos com quem fortaleceu o caminho. A Sinfonia Marginal termina como começou: com potência, propósito e um senso de pertencimento que ecoa muito além da última faixa.

Os visuais do disco são apresentados em versão de short film, disponível no YouTube, com direção criativa de Fresco, a atuação do personagem da história fica por conta de Miguel Neves, personificando o que para muitos se enquadra no lugar de suspeito. A capa do disco complementa todas as nuances da Sinfonia Marginal: sofisticação de orquestra vindo de encontro à crueza das ruas. Dois músicos, retratados com dignidade imponente, impõe instrumentos e renascem como testemunha de vivência urbana – identidade que floresce à margem.  “Na cenografia, o biombo ao fundo revela o que já não se esconde; o tapete, com estampa de Belo Horizonte, desenha território de improviso, palco alternativo onde maturidade e força do dizer se manifestam, capturando a essência de quem transforma espaços urbanos em arte.”, finaliza Amanda Machado e Tainá Evaristo, artistas visuais que somam no estúdio criativo multidisciplinar FRESCO e assinam a capa de Sinfonia Marginal com maestria.

Sinfonia Marginal foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura de Minas Gerais (LEIC), ao lado de 1 Festival de Música Doida, Festival Pá na Pedra, Jack Will, Natania Borges, N’zinga e Paige. No estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 160 estágios de carreira como Maíra Baldaia, Sérgio Pererê e Meninos de Araçuaí.