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Preta Gil: Psicóloga com o mesmo câncer da cantora fala sobre os desafios emocionais da doença

Ter um diagnóstico de câncer nunca é simples e justamente por isso é fundamental haver…

Ter um diagnóstico de câncer nunca é simples e justamente por isso é fundamental haver um cuidado extra com a saúde mental nesses casos, explica a neuropsicóloga Dra. Leninha Wagner

A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, neste domingo (20), após uma intensa batalha contra o câncer colorretal, despertou comoção nacional. Ícone da música brasileira e voz ativa em pautas sociais, Preta era também símbolo de força e autenticidade.

Desde maio, ela estava em tratamento nos Estados Unidos, com previsão de continuidade até agosto.

Além do impacto da perda, a notícia reforçou um tema delicado: o enfrentamento emocional de pacientes diagnosticados com câncer.

A neuropsicóloga Leninha Wagner, que convive com o mesmo tipo de câncer que acometeu a cantora, chama atenção para o abalo psicológico que acompanha o diagnóstico. “Receber a notícia de um câncer colorretal mexe com todas as estruturas da nossa vida. Não é só o corpo que adoece, a mente também precisa de suporte”, afirma.

A importância do suporte emocional para pacientes
De acordo com a Dra. Leninha Wagner, os primeiros dias após a confirmação do diagnóstico costumam ser os mais desafiadores emocionalmente.

“É quando o medo, a incerteza e até a culpa aparecem com muita força. Muitos pacientes se perguntam ‘por que comigo?’ e têm dificuldade de assimilar a nova realidade. É fundamental que o paciente tenha todo o suporte emocional nesse período, acompanhamento profissional e apoio da família.”

“Muitas vezes, os profissionais se concentram apenas na doença física, mas esquecem que o emocional pode ser determinante na forma como o corpo responde ao tratamento”, alerta.

“Durante o tratamento, é comum vivermos oscilações de humor, exaustão emocional e um isolamento silencioso. Ter com quem falar, e ser escutado com empatia, alivia o peso do processo de tratamento”, complementa.

Um relato pessoal de travessia e esperança

“Eu recebi o diagnóstico numa emergência de hospital, uma semana após a morte do meu marido. O luto, nesse contexto, não foi apenas um fator emocional, foi uma ruptura existencial”

“A cirurgia me marcou fisicamente, mas também simbolicamente, era o corte necessário para separar o passado daquilo que ainda podia ser vivido. O câncer foi retirado com sucesso, mas ele deixou, como legado, a certeza de que o corpo é o primeiro a falar quando a alma silencia”.

“Este relato não é apenas um testemunho individual. É um convite à escuta. À escuta do corpo, das emoções, da história familiar”

Tenho vocação para a felicidade. Quero viver antes de morrer”, finaliza Dra. Leninha Wagner.