Foto: Pablo Bernardo

Palco Hip Hop celebra protagonismo feminino trazendo artistas de diferentes gerações

A programação conta com oficinas, debates, shows, batalhas de dança, entre outras atrações gratuitas No…

A programação conta com oficinas, debates, shows, batalhas de dança, entre outras atrações gratuitas

No ano de aniversário dos 40 anos do Movimento Hip Hop no Brasil, o Palco Hip Hop traz a programação de sua primeira etapa de 2024 com mulheres que marcaram a história dessa cultura urbana no país. Nos dias 17 e 18 de fevereiro, o público poderá participar de debates, oficinas e assistir a apresentações artísticas com artistas de diversas gerações. Um dos debates que dá destaque para esse recorte do festival será realizado no sábado, dia 17, às 14h, abordando o tema “O protagonismo das mulheres nos 40 anos de Hip Hop no Brasil”, com a participação de mulheres pioneiras no movimento cultural como Sharylaine, Mc Ellu, Miss Black e Vanessa Beco. A conversa terá a mediação de Larissa Borges.

Uma das pioneiras do Funk no Brasil, MC Ellu é mulher negra, artista independente de periferia, e atua desde 1990 sendo apresentadora, cantora e atriz. Antes de atuar como MC já fazia dublagens da Janet Jackson em 1987 e 1988. Gravou a música “Tira a mão de mim”, sendo a música executada na Rádio BH FM na época, registrada no álbum Fábrica Ritmos (1992), uma produção independente que reuniu vários MCs de Belo Horizonte. Teve o programa Hip Hop Minas, na TV Cultura Serra Verde, divulgando artistas de periferia. Artista popular sempre defendendo a cultura popular, rap e funk, MC Ellu se apresentou em vários programas de TV, ganhando concursos de calouros com participações na TV Xuxa, Programa do Ratinho e Caldeirão do Huck. Já se apresentou em bailes como Mourisco, em Botafogo, Ccip Pilares, quadras do Vilarinho, Chiodi, BH canta e dança, entre outros. Gravou o curta Diário de uma funkeira, em que retrata sua vida enquanto mulher periférica e funkeira e atua como apresenta o programa funk in Rio, divulgando artistas de periferia.

Nascida e criada em Contagem, Luciana Patrícia Arruda, mais conhecida como Miss Black, tem uma longa e relevante trajetória no cenário Hip Hop, sobretudo na construção do cenário da Grande BH. Sua relação com a cultura de rua teve início em 1989, quando começou a escrever poesias e percebeu que elas se encaixavam nas batidas do rap, ritmo que ela descobria ainda na adolescência nos programas de rádio e mais tarde conheceu os grupos de rap da cidade no evento BH Canta e Dança e, desde então, ela tem contribuído de várias formas, como artista e articuladora do movimento. Miss Black foi uma das primeiras mulheres da cena rap da capital mineira e região, e presenciou muitas mudanças nas manifestações artísticas do Hip Hop ao longo dos anos. Após uma caminhada significativa de 33 anos, lançou em outubro de 2023 seu primeiro álbum, intitulado “Voz Preta, Pele Preta”. Contendo 8 faixas, o álbum traz músicas que refletem sobre o feminismo negro, a luta antirracista e sobre a vivência da artista na cultura ao longo dos anos de militância desta cultura que agora celebra 50 anos de existência no mundo e definiu os rumos de gerações inteiras de jovens das periferias mundo afora. A produção do disco é assinada por Duck Jam (SP), Rocha Man (SP) e Vulgo Elemento (MG/SP), mixagem e masterização de Dj Spider (Pro Beats) e conta com a participação de Angel Gabrielly, filha da artista.

Sharylaine é cantora, compositora e intérprete. MC pioneira, integrou-se a Cultura Hip Hop em 1985 em São Paulo, tornou-se Rapper em 1986, co-fundadora do grupo “Rap Girl’s”, participou das origens da cena cultural na Estação São Bento do metrô, onde sua história se funde e se confunde com a história da cultura Hip Hop na cidade. A primeira a efetuar gravação solo. Possui reconhecimento nacional e internacional por sua trajetória artística. Desde 1991 atua como produtora, pesquisadora, artevista cultural, social e política, e atuante ainda no Samba em suas vertentes. Integra uma série de projetos arte-educativos, formativos e de fomento, com enfoque nas culturas negra e de periferia, prioritário a mulheres, jovens e crianças, sobretudo negras. Em 38 anos de estrada se tornou referência e ainda carrega a marca de permanecer em atividade desde os primórdios até a atualidade.

Peça fundamental da história do Hip Hop, o grupo Negras Ativas foi o primeiro grupo de rap da região metropolitana de BH exclusivo de mulheres. Nesta edição do Palco Hip Hop participam duas integrantes do grupo: Vanessa Beco e Larissa Amorim Borges.

Vanessa Beco é ativista do movimento negro e feminista, nascida na periferia, mãe e propagadora da cultura hip hop. Conselheira Tutelar eleita por duas vezes em Belo Horizonte, ativista liderança em grupos locais dos segmentos: Cultura Hip Hop, movimento negro e movimento feminista, e garantias de direitos de juventudes, crianças e adolescentes. Coordenação pedagógica dos projetos Rosas Negras-Popularização do Feminismo Negro e o Hip Hop das Minas I e II pela Organização de Mulheres Negras Ativas. Compôs a Organização de Mulheres e Grupo de Rap Negras Ativas, a coordenação do projeto Atitude de Mulher, das edições I e II dos projetos Hip Hop Chama na Ideia e Hip Hop Chama pro Debate.

Larissa Amorim Borges também foi uma das integrantes do Negras Ativas. Da região de Venda Nova, em BH, Larissa cresceu nos circuitos da arte periférica, sendo o hip hop uma ponte para ter contato com o feminismo antes mesmo da universidade. Doutora em Psicologia, é autora do livro ‘Periferias do Gênero’, obra que aborda histórias de mulheres artistas e mobilizadoras da sociedade como Vanessa Beco, Lauana Nara e Taynara Lira. O grupo Negras Ativas também inspirou uma organização que empoderou jovens mulheres na cultura periférica da Grande BH nos anos 2000. Projetos culturais, como o Hip Hop das Minas, abriram caminhos para novas vozes do rap e do funk.

Neste ano, a curadoria é assinada pelo idealizador do projeto, Victor Magalhães, em função de um curto prazo e recursos para execução da edição. “Iremos apresentar um recorte artístico e formativo nestes 40 anos de Hip Hop no Brasil, fazendo justiça com nomes importantes que ajudaram a construir a cultura no país. Mas também promovendo encontros com artistas da nova geração que mantém ainda o fomento ao Hip Hop no Brasil. Sempre tendo uma programação diversa e buscando a equidade muitas das vezes esquecidas em programações e na história do Hip Hop”, destaca Victor Magalhães.

Programação Palco Hip Hop 2024

O Palco Hip Hop realiza, nos dias 17 e 18 de fevereiro, programação com debates, oficinas, apresentações artísticas de diversas linguagens, jogos, feira, e programação para todas as idades. O festival celebra 13 anos de existência e homenageia os 40 anos do Movimento Hip Hop no Brasil, com mais de 20 atrações. As atividades ocupam o Sesc Palladium e espaços culturais nos bairros Bonfim e Taquaril. Toda programação é gratuita, exceto atrações que acontecem no Grande Teatro do Sesc Palladium, que terão ingressos à venda a preços populares, no valor de R$ 2 (inteira), e R$ 1 (meia-entrada). Acesse a programação completa no instagram @palcohiphop. O Projeto Palco Hip Hop é realizado por Neon Cultura e Entretenimento e a correalização é do Instituto Aya de Arte e Cultura Negra e Periférica, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais, patrocínio master da Cemig, e patrocínio da Ambev, por meio do Edital Nacional Fundo Bora Cultura Preta de 2023.