Um ano após a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, o Museu da Cultura Hip Hop RS, em Porto Alegre, inaugura a exposição “Reconstrução Hip Hop”.

A mostra documenta e celebra a impressionante mobilização da comunidade hip hop em resposta à crise, transformando o espaço cultural em um símbolo de resistência e solidariedade.

Em maio de 2024, enquanto o estado enfrentava enchentes devastadoras, o hip hop gaúcho e nacional se uniu em uma corrente de apoio sem precedentes. O Museu da Cultura Hip Hop RS, o primeiro do gênero na América Latina, tornou-se um dos principais centros de arrecadação, canalizando cerca de 300 toneladas de doações e mais de R$450 mil para as vítimas. A exposição “Reconstrução Hip Hop” ocupa o segundo andar do museu e narra essa história através de documentos, fotografias e relatos emocionantes.

O Hip Hop Como Força de Reconstrução Coletiva

Rafa Rafuagi, fundador e coordenador do museu, explica que a exposição é “uma junção de todo processo articulado e coletivamente criado pelo hip hop para uma rápida resposta à crise climática”. Mais do que apenas registrar os fatos, a mostra busca destacar o poder de resiliência, empatia e solidariedade inerente à cultura hip hop, que há anos atua como agente transformador nas comunidades brasileiras.

A iniciativa, nascida em meio ao desespero, foi guiada pela capacidade histórica do hip hop de organizar territórios, unir vozes e criar soluções a partir da base. A articulação envolveu artistas do rap nacional, coletivos como o Rap in Cena e mais de 58 instituições em 14 cidades, demonstrando a credibilidade e o alcance do museu dentro da cultura.

Denúncia, Celebração e Projeto de Futuro

“Reconstrução Hip Hop” não se limita a olhar para o passado. A exposição também se posiciona como uma denúncia à omissão do poder público, que, segundo Rafuagi, não ofereceu respostas rápidas nem ações preventivas eficazes. Ao mesmo tempo, celebra a potência da união e propõe um caminho de futuro para a transformação social.

A mostra evidencia como a cultura hip hop, transcendendo seus elementos artísticos como música, dança e grafite, pode oferecer soluções concretas diante das crises sociais e climáticas que assolam o país. “Essa exposição vai além de ser uma mostra cultural. É um caminho de futuro para a mudança da sociedade”, afirma o coordenador do museu.

Passado um ano do desastre, a exposição ganha ainda mais relevância ao não apenas recontar o que foi feito, mas ao inspirar o que ainda pode ser construído. Para Rafa Rafuagi, o maior legado do episódio foi a unidade: “O maior aprendizado foi o poder da construção coletiva e do respeito às diferenças. Infelizmente, após a ação emergencial, nosso estado voltou a ser racista, machista e separatista. Mas durante aquele momento, todos se uniram por um bem comum”.

Serviço:

A exposição “Reconstrução Hip Hop” pode ser visitada de terça a sábado, das 9h às 12h e das 14h às 17h, no Museu da Cultura Hip Hop RS, localizado na Rua Parque dos Nativos 545, Vila Ipiranga, em Porto Alegre. A visitação pode ser livre ou agendada. Mais informações podem ser encontradas nas redes sociais do Museu da Cultura Hip Hop RS.