O cenário cultural do Pará está de luto. O artista Mestre Damasceno, um dos maiores símbolos da cultura marajoara, faleceu aos 71 anos na madrugada desta terça-feira, 26 de agosto. A data da morte coincide com o Dia Municipal do Carimbó, gênero musical ao qual o mestre dedicou sua vida. A informação foi confirmada por seus familiares, e o Estado do Pará decretou luto oficial em sua homenagem.

Uma Vida de Arte e Resistência

Nascido em 1954 na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, Damasceno Gregório dos Santos, conhecido como Mestre Damasceno, dedicou mais de cinco décadas à valorização das manifestações tradicionais do arquipélago do Marajó. Sua trajetória foi marcada pela superação, tendo ele reinventado sua vida por meio da arte após perder a visão aos 19 anos, em um acidente de trabalho.

Ele se tornou uma figura essencial do carimbó, do Búfalo-Bumbá e de outras tradições marajoaras, deixando um legado inestimável para a cultura do Norte do Brasil.

Reconhecimento e Homenagens Recentes

Em seus últimos meses de vida, Mestre Damasceno recebeu importantes homenagens. Em maio, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria concedida pelo Ministério da Cultura, que reconhece personalidades que contribuem de forma significativa para a cultura brasileira. Na ocasião, o artista declarou: “Trago comigo tudo o que aprendi com meus pais e avós, ancestrais quilombolas. São mais de 50 anos dedicados às tradições culturais marajoaras, e hoje colho os frutos de uma vida inteira de trabalho. Espero fazer ainda mais.”

Recentemente, ele também foi um dos homenageados na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, onde foi lançado o livro “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, que narra sua vida para o público infanto-juvenil. O mestre estava internado desde 22 de junho, tratando um quadro de pneumonia e insuficiência renal, após ser diagnosticado com câncer com metástase.