Estão abertas as inscrições de artistas multilinguagens para a 1ª edição da Virada AfroCultural de Campinas, que acontecerá entre os dias 10 e 11 de abril deste ano

Edital contempla artistas negros para 1ª Virada AfroCultural de Campinas

Propostas podem ser enviadas até o dia 12 de fevereiro através de formulário online

Estão abertas as inscrições de artistas multilinguagens para a 1ª edição da Virada AfroCultural de Campinas, que acontecerá entre os dias 10 e 11 de abril deste ano, em plataformas online por causa do novo coronavírus, a Covid-19.

As inscrições são gratuitas, vão até o dia 12 de fevereiro e os artistas selecionados devem ter propostas obrigatoriamente autorias. Cada artista ou grupo escolhido receberá R$1.000,00 pela apresentação. Os artistas interessados podem se inscrever através do link: https://linktr.ee/viradaafrocultural.

O resultado será divulgado em 19 de fevereiro e o edital vai contemplar ações nas áreas de música, artes cênicas, cultura popular, literatura, artes visuais e/ou outras linguagens.

A iniciativa inédita é do coletivo REAJU – Rede Articula Juventudes em parceria com a Agência Mandinga de Favela e apoio do Coletivo Margem Cultural e foi viabilizada através do edital da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura de Campinas.

A Virada AfroCultural traz, além de apresentações artísticas, ações educativas, oficinas e palestras, bem como a exibição do documentário do centro de referência Quilombo Urbano O.M.G. (Oziel, Monte Cristo e Gleba B). A proposta é difundir e valorizar a cultura afroreferenciada e fortalecer a comunidade afrodiaspórica da região, por isso, o edital vai privilegiar inscrições de pessoas pretas, transgêneras, afroindígenas e com deficiência.

“Acreditamos que o aquilombamento artístico seja um ponto essencial no enfrentamento ao racismo e no engajamento à luta antirracista em nosso território. Por esse motivo, daremos prioridade aos artistas racializados, pensando a partir das políticas afirmativas vigentes”, disseram os organizadores do evento.

Para que o evento aconteça serão aceitas propostas de qualquer ação de natureza artística e cultural afro-referenciada, que seja realizada por pessoas pretas, pardas ou indígenas, individualmente ou em grupo, desde que sejam da Região Metropolitana de Campinas (RMC).  As apresentações serão realizadas no formato live, ou seja, com transmissão ao vivo pela Internet.

Primeira edição homenageia jovem assassinado pela GM

Essa primeira edição é dedicada ao adolescente Jordy Moura Silva, que foi baleado e assassinado através da ação de um guarda municipal em abril de 2019 no bairro Reforma Agrária, na periferia de Campinas.

“Jordy era um jovem negro e estava na garupa da motocicleta pilotada pelo irmão mais velho quando foi baleado. Ele trabalhava com o pai em uma oficina de motos da família e passou a fazer parte das estatísticas na cidade de Campinas que foi a última a abolir a escravidão no país”

Segundo o coletivo REAJU, responsável pela Virada, a ideia é que esta seja apenas a primeira edição e que passe a acontecer anualmente, assim como a Lavagem das Escadarias da Catedral Metropolitana de Campinas, ritual que está na 34ª edição, com participação de integrantes de religiões afrobrasileiras.

Documentário Aquilombamento

Além da Virada AfroCultural, será também filmado o documentário “Aquilombamento” será realizado pela Agência Mandinga de Favela, coletivo de quebrada na cidade de Campinas (SP) sobre o Quilombo Urbano, O.M.G, (Oziel, Monte Cristo e Gleba B) um centro de referência para a Juventude Preta e Periférica de Campinas criado em 2014 e que  promove alguns debates, oficinas, saraus, cirandas oficinas de grafite e entre outros.

O documentário quer registrar a potência do espaço Quilombo Urbano O.M.G, originado do encontro das juventudes, das mulheres e crianças, residentes da ocupação urbana O.M.G, sigla utilizada para expressar a unidade entre os moradores desses bairros e a articulação com diferentes movimentos populares e culturais da cidade. Demonstrando como o espaço por meio da cultura tem podido resistir, produzir, multiplicar, dialogar e transformar realidades.

“Ter um espaço afro referenciado é importante atualmente. Existem outros coletivos que compõem este espaço como as Promotoras Legais Populares, Cursinho Popular Quilombo Urbano, Mandinga de Favela, Mafia Afrikana, Feconezu, Studios 81 e Trançart”, conta Jonatas Akin, da REAJU.

O Quilombo Urbano O.M.G está situado em uma das maiores ocupações urbanas da América Latina e é mantido e gerido por jovens. “A localidade já se caracteriza como um território de resistência, visto que a própria comunidade nasceu a partir de lutas por direitos”, dizem os organizadores.

Reaju com Mandinga: Construindo um Quilombo na Cidade de Campinas

O evento ocorre a partir da reunião da  Rede Articula Juventude – REAJU, coletivo formado por Organizações, Movimentos Sociais, Ativistas e Juventudes e da Agência Mandinga de Favela, criada em 2019 e localizada no Jardim Monte Cristo na cidade de Campinas. Com o intuito de valorizar e publicizar diferentes narrativas periféricas, a atual produção da Agência Mandinga de Favela trabalha com diferentes jovens de quebrada e valoriza  escrita, podcast, social mídia e audiovisual.

A Agência cuida da parte audiovisual e mídias sociais neste aquilombamento, captando imagens do documentário “Aquilombamento” e coletando entrevistas dos “Metres e Mestras de Campinas”. Com a captação, edição, tratamento de áudio, trilha sonora e design. Contará também com toda parte de mídia social, Instagram, Facebook e YouTube.