Batalhas de rima mostram a intimidade que rappers possuem com as palavras (Crédito: Fabio Piva/Red Bull Content Pool)

Dia Mundial da Língua Portuguesa: Conheça os BRs que são craques da rima

De duelos à stand up de comédia, grandes nomes do rap contam sobre relação com as palavras e importância em suas trajetórias

Idioma que une aproximadamente 293 milhões de pessoas espalhadas em nove países de quatro diferentes continentes: o português é uma língua de encontros. Celebrado nesta quarta-feira (5) e reconhecido internacionalmente pela UNESCO, o Dia Internacional da Língua Portuguesa relembra como o idioma conecta diferentes povos e culturas. Dentro deste ambiente de conexão, a música também se faz muito presente. Um dos principais palcos de manifestação artística e cultural são as batalhas de rima, de onde saem grandes talentos do rap, que unem arte, improviso e posicionamento para versarem suas ideias. Em comemoração à data, elencamos grandes nomes brasileiros que são referência na cena por conta de sua intimidade com as palavras e o dom de transformá-las em arte.

WinniT: Colecionador de troféus dos principais duelos do Brasil e professor de rima, o MC tem uma trajetória muito pautada em expressar o que acredita por meio da combinação de palavras. Entre suas conquistas está o título de 2018 do Red Bull FrancaMente, batalha de rimas nacional que está com inscrições abertas. Com uma multiplicidade cultural adquirida em sua vivência nas mais variadas batalhas, WinniT acredita que a base para execução de uma ótima rima conta com dois fatores: a verdade transmitida e a vontade expressada. Apaixonado por literatura brasileira desde a infância, muito marcada por autores como Solano Trindade e Cecília Meireles, o rapper encontra nos livros uma base para ampliar o seu acervo de palavras e desenvolver as melhores combinações entre elas.

“Meu passatempo preferido quando criança era a leitura, e sinto que isso me aproximou da língua portuguesa desde cedo. Hoje, ela representa o meu trabalho, já que lido diretamente com palavras: o sentido que dou para as minhas frases, a conotação, o sujeito e o local onde a aplico tem um grande impacto no desempenho nas minhas rimas. No cenário de batalhas, muito marcado pelo aprendizado de rua, cultura e literatura marginal, eu consigo trazer uma linguagem diferente, palavras e contextos que nem todos têm acesso, fazendo com que as pessoas tenham sede de buscar por variadas fontes de conhecimento.”, compartilha o MC.

Mamuti: MC, apresentador, produtor cultural e figura constante e histórica em duelos, seja participando ou organizando as disputas, Mamuti viu grande parte das batalhas sendo criadas e rimou em várias delas. Sempre interessado em ampliar o contato com as palavras em todas as suas formas (escrita, falada ou cantada), o MC tem diferentes influências que o ajudam a dialogar com diversos tipos de pessoas. Entre elas, Mano Brown, o compositor de samba Paulo César Pinheiro, e Stand Ups de modo geral, uma vez que os comediantes estruturam seus textos de forma semelhante aos formatos necessários para criar uma rima ou escrever um rap.

“A língua portuguesa é um dos pilares essenciais pro meu trabalho. O MC tem de saber conduzir a plateia quando está em ação, é necessário ter a energia, a musicalidade e, além de tudo, saber o que, como e quando falar. Desconhecer sinônimos pode deixar sua rima repetitiva. É necessário ter um bom arsenal no seu vocabulário e também saber se adaptar aos dialetos locais para fazer sua mensagem ser entendida”, conta o paulista.

Slim Rimografia: Com relação de longa data com a cultura do hip hop, o rapper, que em sua adolescência foi também grafiteiro e b-boy, carrega a essência da rima no nome “Rimografia”, que significa escrita rimada. Aventurou-se nas batalhas pela primeira vez há 20 anos e, desde então, é referência às diferentes gerações do rap freestyle. Para construir suas poesias ritmadas, Slim considera essencial o domínio da língua portuguesa – que acredita ser uma das mais difíceis – e reforça a importância de sair da mesmice em sua profissão e ampliar o conhecimento de palavras menos utilizadas, para aumentar a possibilidade de combinações de frases que façam sentido e conversem entre si.

“Além do domínio da língua, é necessário ter um raciocínio muito rápido, principalmente no caso de batalhas. Para uma composição fazer sentido, é preciso pensar em uma palavra, no som dela, buscar outra que tenha a mesma terminação, e adicionar uma frase que faça sentido. É uma técnica muito doida. É um dom também, mas é algo que pode ser praticado por meio de estudos e treinos diários, que ajudam na criação de um caminho mais rápido para o desenvolvimento de uma rima. É preciso estar em forma, assim como os atletas. É como se fosse um ringue lírico, e se você não estiver preparado para se esquivar, já era: nocaute.”, reflete Slim.

Ficou animado e quer se arriscar nas batalhas?

Marcada pela conexão entre palavras e ritmo, as batalhas vêm se adaptando a algumas mudanças, mas sempre mantendo a sua identidade e buscando conectar pessoas. Dentro deste cenário, já se encontram duelos online e até mesmo aplicativos que funcionam como o ‘Facebook’ dos rappers. Com fácil usabilidade, o app Red Bull FrancaMente visa reunir uma comunidade de rappers e entusiastas da rima de todo o País e, por lá, é possível duelar, interagir com outros MCs e conhecer os principais talentos da cena do rap nacional. De modo online, ainda é possível se inscrever na competição de mesmo nome, uma batalha 1×1 que tem como regra principal o improviso.

Saiba mais sobre o Red Bull FrancaMente

O Red Bull FrancaMente chega à sua segunda edição no Brasil, inspirado no maior evento de rap do mundo, o Red Bull Batalla, que acontece em países de língua hispânica. Ao longo de suas 14 edições, criou uma engajada comunidade ao redor do mundo, reunindo público de mais de 14 mil pessoas em um único ano, e revelou nomes como Aczino, mexicano tetracampeão nacional do evento e o único a vencer uma final nacional fora de seu país e Rapder, atual campeão internacional, que também tornou-se referência no México. O evento ainda inspirou batalhas adaptadas ao idioma local em outros países, como Japão, França, Rússia e também o Brasil – que este ano estende o Red Bull FrancaMente à Portugal, onde os lusitanos se reunirão, no mesmo formato, para disputar no segundo semestre do ano.

Para participar do evento, basta baixar o aplicativo oficial, disponível aos sistemas Android e iOS, enviar um vídeo com seu melhor improviso e aguardar pela avaliação de um júri de peso: Kamau, Slim e Mamuti. Eles selecionarão os 32 melhores MCs para avançar de fase.