Cristiane Correia Dias lança livro sobre “A Pedagogia Hip Hop”

A Pedagogia Hip Hop: Consciência, Resistência e Saberes em Luta Construir uma educação mais justa…

A Pedagogia Hip Hop: Consciência, Resistência e Saberes em Luta

Construir uma educação mais justa reescrevendo a história sobre a população negra no Brasil, de uma forma criativa e ousada, por meio dos elementos que formam a Cultura Hip Hop.
Breaking, Graffiti, DJ e MC são as ferramentas de luta e conhecimento usadas por Cristiane Correia Dias, ativista dessa cultura, Mestre em Educação, arte educadora, dançarina, modelo e Diretora Executiva da Federação Paulista de Breaking, para que jovens conheçam suas raízes e reflitam sobre suas próprias identidades, sobre a cultura do racismo e das violências que recaem sobre o corpo negro, recuperando uma relação entre história, consciência, educação e cultura, fazendo pulsar o espírito de uma mente vitoriosa, coletiva e descolonizada na nova geração. Levando os jovens a entender as bases em que se formou “o racismo à brasileira”, que promove uma “limpeza” étnica que exclui e diminui a capacidade intelectual e física do negro.
O livro “A Pedagogia Hip Hop” é o resultado das muitas experiências realizadas dentro de uma ONG chamada “Casa do Zezinho”, no bairro do Parque Santo Antônio, que fica na periferia de São Paulo. De lá, foram concebidas novas ideias e impulsionadas experiências em escolas municipais de São Paulo, como parte de dois projetos de políticas públicas realizados pelo Grupo de Investigação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, do qual faz parte a dissertação de mestrado da autora “Por uma Pedagogia Hip Hop”, usando a linguagem corporal e do movimento para a construção da identidade negra e periférica. Tudo isso vivenciado por Cristiane foi importante. Cada detalhe da participação como pesquisadora de Hip Hop em diferentes contextos educacionais forneceu subsídios para identificar problemas que atingem o universo escolar e a realidade vivida por jovens negros periféricos, além da experiência de viver, trabalhar e morar na periferia da cidade de São Paulo. Foi um ponto de partida para a reflexão e interação com a realidade desses jovens, contribuindo para um maior debate acadêmico sobre a necessária relação entre a educação e a realidade social da periferia de metrópoles como São Paulo, querendo fomentar uma educação de qualidade. A ideia e os esforços caminham no sentido de mostrar as possibilidades de uma educação afrocentrada, incluindo conhecimentos sobre a África e as culturas no currículo escolar. A luta por reconhecimento não está longe do fim, uma vez que os negros por anos foram prejudicados historicamente, direitos foram violados e negado acesso a uma educação justa e culturalmente relevante. A ênfase na história africana e afro-brasileira é fundamental para sairmos dos padrões formais da educação brasileira. A discussão dessa temática é algo urgente, não pode ser mais retardada!

Livro: A Pedagogia Hip Hop

“A Pedagogia Hip Hop” apresenta uma proposta a ser desenvolvida nas escolas, centrada no Hip Hop, que sempre foi uma ferramenta de resistência, em particular  em um de seus elementos, o Breaking, em que os alunos possam vivenciar a dança e por meio dela tenha contato com a ancestralidade e com sua própria história, sendo uma oportunidade ímpar, com grande potencial de formação para a juventude. Cabe lembrar que, recentemente, o Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou a entrada do Breaking nos Jogos Olímpicos da Juventude como forma de preparar os jovens também para as Olimpíadas, difundindo cultura entre os mesmos. É uma realidade: o Hip Hop tem o poder de salvar vidas, de dar sentido a elas, resgatando valores, gerando práticas educativas capazes de permitir tocar em feridas abertas, potencializando a criatividade desses jovens, sendo o Hip Hop um universo de infinitas possibilidades!

O lançamento do livro ” A Pedagogia Hip Hop – Consciência, resistência e saberes em luta” acontece no próximo dia 19, às 19h, no Auditório da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), na Avenida da Universidade, 308, Butantã, São Paulo. Na ocasião acontece um debate sobre métodos alternativos de ensino educacional, com o objetivo de viabilizar o reconhecimento, justiça e desenvolvimento de jovens negros da periferia. Alguns convidados especiais já confirmaram presença: Ana Lúcia da Silva Souza, Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília (DF) em 2018 e Professora Adjunta da Universidade Federal da Bahia. Analú é autora do Livro ‘Letramentos de Reexistência: Poesia, Grafitte, Música, Dança: Hip Hop’; Anderson Ferreira Santana, estudante de graduação no curso de Design Gráfico da UNIP (Universidade Paulista) e ativista da Cultura Hip Hop como dançarino de Breaking, um dos líderes do grupo Guetto Crew e criador da capa do livro de Cristiane Dias; Mônica do Amaral, professora associada e pesquisadora sênior da Faculdade de Educação da USP e do programa de pós graduação em Educação da FEUSP e apresentações artísticas dos rappers Daniel Garnet e P.MC, com intervenções de DJ Ninja e AG Naja. Quem participar desse evento terá a oportunidade de adquirir o livro e ainda poderá sair com o livro autografado pela autora.