Com letra de MC Favelinha, colaboração de Markão Aborígine e produção musical de LP D'Doctor, todos músicos da cena do rap do Distrito Federal, o clipe

Confira o lançamento do clipe “Escola dos Sonhos” com MC Favelinha

A ação faz parte da campanha de mesmo nome construída por crianças e jovens do projeto Onda

Com letra de MC Favelinha, colaboração de Markão Aborígine e produção musical de LP D’Doctor, todos músicos da cena do rap do Distrito Federal, o clipe “Escola dos Sonhos” trata de problemas enfrentados pelos estudantes com a militarização das escolas e o ensino remoto. A composição ainda “passa a visão” de como seria a escola dos sonhos na perspectiva dos jovens.

O clipe será lançado na próxima terça-feira (13), data do aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no canal do YouTube do Inesc e da Ceilanwood. A música é fruto de um processo de pesquisa dos compositores com crianças e adolescentes moradores do Recanto das Emas e de outras RAs participantes do projeto Onda, desenvolvido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicas (Inesc).

O refrão da música traz as questões enfrentadas por crianças e jovens na tentativa de manter os estudos: Sem PC não estudo em casa/E por causa do Covid/Já corri descalço em uma escola de madeiriti/O governo não entende/Sem estudar vou atrasar/O dinheiro que minha mãe tem/É pro almoço, não celular.

Além dos problemas recorrentes enfrentados pelos estudantes no dia a dia escolar, com a pandemia e a instituição das aulas onlines, a situação da educação no Brasil se agravou. De acordo com a Unicef, em 2019 haviam 1,5 milhões crianças e adolescentes fora da escola. Hoje, os números chegam a 5 milhões. “Outra questão importante a ser discutida é o trabalho infantil. O IBGE revela que em 2019, 1,8 milhões de jovens estavam em situação de trabalho infantil. A pandemia aumentou a insegurança alimentar provocando a necessidade de crianças e adolescentes estarem na rua pedindo dinheiro ou trabalhando para ajudar na renda familiar, o que é uma violação extrema de direito, pois o Estado tem condições de evitar isso, por exemplo, com políticas de acesso à renda e ao trabalho para as famílias”, aponta Thallita de Oliveira, educadora do Inesc.

Produzido pela Ceilanwood, a produtora especializada em rap que assina trabalhos de diversos artistas importantes do Distrito Federal, o clipe foi tem direção de Ronaldo Piovezan e direção artística e produção de Ace Nexx. Markão Aborígene antecipa que “na sutileza dos detalhes, o clipe passa a mensagem da música. A última cena traz o MC Favelinha com o livro “Rastros de Resistência”, de Alê Santos. É um livro incrível que tem muito a ver com essa escola do sonhos e fala desse processo da omissão e apagamento das histórias, principalmente histórias de resistência do povo”.

Saiba mais sobre MC Favelinha:

Com 19 anos, MC Favelinha se revela um compositor potente. Participou de projetos de educomunicação, como o livro “Para Além das Algemas” e a campanha “Nóis também é Humano”, ambos feitos por adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Distrito Federal. Nas palavras de MC Favelinha, ele se tornou MC para conquistar o sonho de melhorar sua vida e a da sua família. “Quem sabe um dia gire o mundão de F800/Peita do mengão pra molecada/canto inspiração/Guerreiro de fé contra mais um leão”, diz uma de suas músicas. Seu primeiro álbum está em fase de gravação e deve ser lançado ainda este ano.

Saiba mais sobre A Campanha Escola dos Sonhos:

Por meio de uma série de atividades, como oficinas de vídeo, de elaboração de peças gráficas e também uma pesquisa com a aplicação de um questionário para as/os adolescentes e jovens, os participantes do projeto Onda refletiram sobre como a escola é hoje e como seria sua escola dos sonhos. O resultado dessa pesquisa indicou alguns pontos essenciais para a construção da escola dos sonhos, como uma boa estrutura; comida gostosa e saudável; metodologias eficientes; intervalo mais agradável; aulas mais práticas e um ambiente sem violência.

O questionário também levantou questões sobre problemas recorrentes. Vários entrevistados e entrevistadas responderam que já sofreram ou sofrem algum tipo de violência no seu ambiente escolar ou até mesmo antes de chegar na unidade educativa. “Alguns professores fazem diferenciação entre cor, raça e intelectos”, respondeu um participante, deixando evidente a urgência do debate sobre o tema. Saiba mais sobre a campanha no site do Inesc.