“Agro não é tech nem pop. Ele mata”. O grito indígena no Rap

Conforme o último levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o número de assassinatos de indígenas no…

Conforme o último levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o número de assassinatos de indígenas no Brasil cresceu em 20% em 2019 em relação ao levantamento de 2018. Um número alarmante que se intensifica com a posição preconceituosa e racista do presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, sobre a questão indígena e os índios.

“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”, Jair Bolsonaro – Correio Braziliense, 12 Abril 1998

No último sábado, 07/12, dois índios da etnia Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos durante um ataque na BR-226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel, no município de Jenipapo dos Vieiras, localizado a 506 km de São Luís. O Ministro Sérgio Moro autorizou a ação da Força Nacional na região para evitar mais mortes e a PF investiga o caso. A situação tem ficado cada vez mais tensa.

Nesse cenário o Rap tem se mostrado mais uma das armas com os quais os indígenas lutam contra tudo e contra todos em favor de sua cultura, terra e direito de sobrevivência. A rapper Kaê Guajajara, 26, é uma delas. Nascida Mirinza no Maranhão, foi expulsa com sua família de uma terra não dermacada por madereiros. Sua música é carregada de luta.

“Diferentemente dos artistas não indígenas, que podem trazer mensagens mais de entretenimento, nós estamos passando uma mensagem muito séria. disse ao site TAB.

Kaê vai denunciando os sofrimentos pelo qual ela e seu povo tem passado em suas músicas, com muita estética e musicalidade.

O agro não é tech, não é pop e também mata… Tô renascendo da cinza do fogo que queimaram meus ancestrais… Diz o verso da música Mãos Vermelhas.

Brô MCs é outro grupo abordando a causa indígena e carregam seu Rap para enfrentar estereótipos e denunciar o preconceito contra sua raça.

“A principal mensagem que a gente pretende levar é que o indígena de hoje em dia é modernizado. Não é mais aquele indígena que vive só de tanguinha e de flechinha”, observou ele.”É a mesma coisa o brasileiro, que vai para a Europa e para os Estados Unidos e nunca deixa de ser brasileiro. O rap é só uma ferramenta para a gente se comunicar. É a mesma coisa que você ter um celular. O celular não é do brasileiro, ele vem de fora. E você tem o celular, mas nunca deixa de ser brasileiro. É uma ferramenta que você usa.” (Entrevista publicada no site Reverb – 31/05/2019).

Na estética descoalda do Trap, Wera MC dissipa seus sentimentos e mensagens. Piorneiro do Trap no meio indígena o jovem canta há dez anos, quando com o grupo Xondaro começou a fazer rimas para chamar a atenção do público para a causa da demarcação de terras.

“No meu trap, o flow é legal e pode até parecer que eu estou falando umas bobeiras. Mas não, cara, é protesto. Eu jamais vou fugir dessa linha aí”, diz Wera ao TAB.

Como canta Racionais “pra quem vive na guerra a paz nunca existiu”, assim enquanto o Rap alcança outros estilos, talvez até um esvaziamento, para os índios no Rap ainda é tempo de lutar, pois sua terra ainda sangra pela mão do homem branco que encontrou agora uma representação na presidência do país.

Para conhecer mais sobre o Rap Indigéna acessa ótima matéria: TAB – Rap indígena sai da aldeia e protesta

Para ler os absurdos falados por Jais Bolsonaro sobre os povos indígenas acesse: https://www.survivalbrasil.org/artigos/3543-Bolsonaro