Exclusivo: ColetivaMENTE! foca no Drill em quinta edição do projeto

Com participações de MC’s de diversas comunidades de São Paulo, nova performance foi gravada na…

Com participações de MC’s de diversas comunidades de São Paulo, nova performance foi gravada na Fábrica de Cimento Portland Perus

Com foco no Drill, um desdobramento do Rap com uma pegada underground para retratar questões cotidianas das quebradas, o ColetivaMENTE, um projeto de colaboração entre artistas da cultura popular das periferias, chega a sua quinta edição. Idealizado por prod.nin9nine e Ulisses Sulivan, a nova edição tem lançamento previsto para o dia 24 de março, às 18h e conta com a participação de MC’s de diversas comunidades de São Paulo, como Favelado MC, Diego GF, e Mano Jeff. Com a ajuda do Coletivo Quilombaque e através do DJ Clevinho o projeto teve o aval para fazer a captação e gravação, da nova edição do projeto audiovisual, na antiga Fábrica de Cimento Portland Perus, um memorial de resistência. 

O Drill nasceu por volta dos anos 2010, em Chicago, nos Estados Unidos, tem uma pegada mais sombria do rap e graves “que deslizam”. O estilo se popularizou por retratar questões cotidianas das periferias e sobre a violência ocorrida nesses espaços. E nos últimos anos surgiu uma reinvenção britânica da vertente, em que artistas do Reino Unido passaram a mesclar os beats “pesados” característicos do Drill com um som mais eletrônico e dançante do Grime, que ficou conhecido como ‘UK Drill’.

Créditos: Divulgação

 

Conversamos com exclusividade com Favelado MC, Diego GF, Mano Jeff e com prod.nin9nine, produtor musical do projeto, e eles nos deram mais detalhes sobre a nova edição e projetos futuros do projeto. Confira a entrevista exclusiva para o Jornal do Rap:

JORNAL DO RAP – Por que a escolha do drill para essa edição e qual sua relação com o Hip Hop e a música urbana e periférica?

prod.nin9nine – Para essa nova edição eu escolhi o Drill porque aqui no Brasil ele está se popularizando bem mais dentro das periferias, como um “substituto” do Boombap, como se fosse um Boombap do futuro. O Drill e o Grime são estilos novos que a galera do Rap está usando para passar uma visão, para fazer o que o Rap fazia nas antigas. Então, eu escolhi por ser um estilo de beat mais agressivo, onde o pessoal vai poder vomitar algumas verdades, escancarar o que a gente vive dentro da periferia. Que foi o que eu falei pro Favelado no começo, falei ‘mano, eu quero que você chegue vomitando umas verdades’. E ele já chegou canetando no início ‘eu tô precisando vomitar, essas verdades que cês não querem escutar’. E isso numa música que a gente fez lá atrás, quando a gente já tinha essas ideias e voltamos nela, chamamos o Diego GF e o Mano Jeff, que canetou a parte dele em 15 minutos e ficou monstro.

JORNAL DO RAP – Quais outros estilos já foram trabalhados pelo Coletivamente?

prod.nin9nine – A gente já fez Trap Plug, Hard Trap, Funk Rasteiro (Consciente), um estilo mais lento do Funk, Trap Funk e Boombap.

JORNAL DO RAP – O que é o Trap Plug e o Trap Hard?

prod.nin9nine – O Trap Plug é um estilo bem mais misturado com o que conhecemos do Pop, tem uma ginga de ser mais mídia, com autotune e tal. Já o Hard, é um estilo de Trap mais agressivo, com uma batida diferente, uma melodia mais dark, mais pesada. 

JORNAL DO RAP – O que pode nos adiantar sobre os estilos das próximas edições?

prod.nin9nine – A sexta edição vai explorar o Funk Consciente, com uma pegada mais rasteira com influências do Trap. Após essa edição, vamos para o Trap Plug, em que vamos fazer a segunda parte da Trap Nacional, que seria fazer os MC’s cantarem com auto-tune ao vivo, uma edição bem produzida em questão de áudio e vídeo. Já de estilo que ainda não trabalhamos, estamos estudando inserir o Grime com influências da música indígena na edição Tupi Guarani, uma conexão que vamos fazer com Indígenas que cantam RAP no Noroeste de SP.

JORNAL DO RAP – Qual a importância do resgate de pessoas periféricas para o projeto?

prod.nin9nine – A importância de resgatar as pessoas não é unicamente para MC’s e artistas independentes. A gente quer promover cursos e oficinas dentro do nosso projeto porque os MC’s têm dificuldade de fazer tudo, eles não sabem divulgar o seu trabalho de forma correta, às vezes não tem uma apresentação artística nas suas redes sociais, seja por falta de investimento ou desinformação da questão da divulgação da arte deles ou a criação de conteúdo adequado para mídias sociais. Então, muitos bons trabalhos são esquecidos diariamente, entendeu? Então, o que a gente queria fazer? A gente quer lançar o projeto VAE com oficinas, ensinando marketing digital para os MC’s, compartilhar um conhecimento ao qual eles não têm acesso por causa do alto custo dos cursos e equipamentos. Ou seja, a maior importância de resgatar essas pessoas é o fato de estarmos dando o conhecimento. E também tem a parte do resgate de pessoas que estavam no tráfico e fecharam com a gente na música, com o suporte de equipamentos do Coletivo Filhos da Rua.

JORNAL DO RAP – Como aconteceu o convite para participar do Coletivamente?

Mano Jeff – Eu trabalho pela República, em São Paulo, e por acaso uma outra artista (@qmagrela) me apresentou o DJ NINE, que sempre foi um cara que correu pelo certo e pelo que é dele por direito, e com isso recebi com extrema satisfação o convite para participar de um dos melhores projetos da minha vida com o Coletivamente. 

Favelado MC – No meu caso,  nós já estávamos há muito tempo planejando algo do tipo e finalmente aconteceu!

Diego GF – O convite se deu através de amizades minhas que já trabalhavam no projeto, que eu pude acompanhar pelo Youtube. E posteriormente eu fui chamado para participar em uma edição de Drill.

JORNAL DO RAP – Qual a importância de fazer parte desse projeto para sua vida?

Mano Jeff – Para nós artistas quando se coloca a alma num projeto ele já é uma importância absurda e pra mim foi uma porta aberta para mostrar minha arte da melhor forma possível. 

Favelado MC – Acho que a parte mais importante desse projeto para mim é a questão de  passar a minha mensagem para o público.

Diego GF – É de extrema importância, pois o projeto está dando voz para pessoas que são talentosas e não tiveram tantas oportunidades de conhecer conteúdos técnicos sobre música e audiovisual. Então, isso pode influenciar totalmente na minha vida, pois me faz aprender sobre a veiculação de um produto que eu como artista, produzo, interpreto e aprimoro.

JORNAL DO RAP – O que acha que vai mudar daqui pra frente?

Mano Jeff – Estou aqui para mostrar o meu meu talento e depois desse projeto eu tenho certeza que o reconhecimento vai chegar, depois de muita luta.

Favelado MC – Acho que tudo vai mudar, mas uma coisa que eu acho é que o simbolismo que esse projeto tem para a quebrada é surreal.

Diego GF – Acredito que o projeto dará visibilidade para os artistas que participarão, mas também vai colocar a quebrada em outro patamar, tanto para os MC’s que em Perus residem, quanto de MC’s que não moram no bairro, mas que também têm muita coisa para mostrar.

Confira o teaser exclusivo da edição Drill do ColetivaMENTE!:

Sobre o ColetivaMENTE! 

É um projeto de colaboração entre artistas da cultura popular das periferias que busca dar visibilidade para cantores, DJs e produtores de áreas periféricas, através de mini shows registrados em formato audiovisual. Com apenas quatro edições, o projeto já soma mais de 11.045 visualizações no Youtube e mais de 15 mil visualizações nos conteúdos em vídeo compartilhados no Instagram. 

Instagram | Facebook | Youtube 

Sobre o prod.nin9nine 

DJ e Produtor Musical está desde 2020 alcançando metas e objetivos em prol do desenvolvimento de artistas da ‘quebrada’. prod.nin9nine iniciou no RAP em 2017 através do break na Casa de Hip Hop Perus e desde então criou seu próprio projeto com ajuda do Coletivo Filhos da Rua em 2021, que visa dar a os artistas da comunidade um trabalho profissional com uma performance ao vivo, com beats autorais. Esse projeto se denominou ‘ColetivaMENTE!’. O DJ adquiriu seu conhecimento de forma autodidata, e durante os últimos anos vem tocando em eventos e casas de show de Funk, Trap, Forró e em eventos relacionados a Cultura Hip-Hop.

Instagram 

Sobre o Ulisses Sulivan 

Atua como fotógrafo e filmmaker profissional desde 2017, habilidade que adquiriu de forma autodidata e vem se especializando ao longo do tempo e de suas experiências. Realizou centenas de coberturas de eventos de diversos segmentos que vão de casamentos a shows de artistas  renomados. Também atua na produção audiovisual, como filmmaker, editor e produtor com trabalhos que ultrapassam 100 milhões de visualizações na plataforma de vídeo Youtube. É idealizador e diretor geral do projeto ColetivaMENTE! e também atua como produtor cultural junto ao Coletivos Filhos da Rua e Favelinha Produções, desenvolvendo projetos audiovisuais na periferia de São Paulo.